O povo brasileiro tem consciência de que o nosso País vive um momento difícil e de que é preciso mudar a maneira como o Brasil vem sendo conduzido.
Apreensivos, mesmo tendo a presidente eleita prometido, em sua campanha, realizar as mudanças necessárias, nossos olhares se voltam para Brasília, em particular para a pessoa de Dilma Rousseff, em busca dos sinais efetivos de correção do rumo. Afinal, as dificuldades que estamos a enfrentar têm sua origem na atitude da presidente, que conduziu pessoalmente a política econômica da sua administração sem jamais dar ouvidos aos alertas feitos diariamente, durante anos, por especialistas gabaritados, a respeito dos erros que estavam sendo cometidos.
Era de se esperar que o reconhecimento desses equívocos – que significam, na prática, mais aflição, sacrifício e desesperança para a sofrida população brasileira, que vê o salário diminuir, com o aumento da inflação, o emprego escassear, em razão da estagnação econômica e o já insuportável sucateamento da saúde e da segurança, além da mobilidade urbana, que piora ainda mais – fizesse a presidente refletir e empenhar-se, de fato, em promover a mudança. É o que todos nós esperamos. Estadista, o ex-presidente Fernando Henrique acaba de publicar um artigo propondo uma união nacional, acima de partidarismos, deixando claro que, no momento grave que vivemos, o que importa é o interesse nacional.
São fundadas essas esperanças? Alguém já disse que não se faz transplante de alma. Dois dias depois de ser empossada, fiel ao seu estilo, Dilma desautorizou o anúncio de reajustes no salário mínimo proposto, no momento em que tomava posse, pelo seu recém-nomeado ministro do Planejamento. Na sequência, a ministra da Agricultura, em igual circunstância, declarou que no Brasil não existe mais latifúndios e que a reforma agrária não é mais necessária. Horas depois, o ministro do Desenvolvimento Agrário, na vez de sua posse, seguindo a coreografia que parece ser a marca desse Ministério, discordou veementemente de sua colega, e defendeu a reforma agrária e a mudança no direito à propriedade.
Onde deveria haver união em torno dos interesses nacionais, o que se vê é a brigalhada característica das facções e subfacções petistas, antolhadas por suas questões ideológicas. Fica a sensação de que não aprenderam nada. Nosso País não aguenta mais quatro anos de retrocesso. Para a incompetência surda dos governantes, o único remédio é a voz do povo. Nesta hora, o preço do silêncio e da acomodação é o futuro do País.