A violência contra as mulheres no Brasil continua crescendo de maneira crônica e progressiva, sem que o governo federal consiga definir e implantar uma política nacional consistente que pelo menos minimize as agruras das agredidas, que ainda ficam à mercê da própria sorte.
A inauguração da “Casa da Mulher Brasileira”, em Campo Grande, a primeira das vinte e sete prometidas pela presidente Dilma Rousseff, nessa semana, é uma tímida ação, um começo pífio para a mulher que reassume a Presidência da República sem haver sequer cumprido as promessas da campanha anterior, como a construção de seis mil creches.
Naturalmente, qualquer ação do Estado que beneficie uma única mulher já e uma iniciativa que deve contar com o apoio, de quem luta diariamente contra a violência, o preconceito e a discriminação contra a mulher.
Mas a inauguração de uma casa com serviços de atendimento é pouco, diante dos dados de violência conhecidos e divulgados nessa mesma semana, especialmente os da violência sexual contra a mulher, que cresceu 40% no período 2013/2014, segundo o que ficou registrado no “Ligue 180″.
Uma única Casa da Mulher Brasileira em cada estado, por mais bem aparelhada que esteja, é um grão de areia para abrigar, defender, proteger a cuidar do enorme contingente de mulheres agredidas anualmente no Brasil.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), chega a um milhão o número de mulheres agredidas anualmente no Brasil, sejam agressões físicas, verbais ou psicológicas. A maioria das vítimas reside em capitais, sendo que 85% delas protegem os agressores, ou seja, não fazem queixa ou acabam por retira-la.
Na contabilidade do Mapa da Violência 2012 – Homicídio de Mulheres – a cada cinco minutos uma mulher é agredida no país. Não é a toa que o Brasil ocupa a sétima colocação com a maior taxa de homicídio de mulheres entre todas as nações.
E, estatística macabra, a cada duas horas, uma mulher é morta, numa média mensal de 370 vítimas e de cerca de 4.500 por ano!
Mesmo com o surgimento da Lei Maria da Penha que, de algum modo, ajudou a puxar as estatísticas para cima porque um número maior de mulheres perdeu o medo de denunciar a agressão; a presença e o apoio do Estado continuam insuficientes.
O orçamento da União, dos estados e dos municípios, destinado a reverter esse quadro, é ínfimo diante da crescente demanda feminina, o que torna quase que inócua a ação do Estado.
A luta é imensa e envolve todos os poderes constituídos – Executivo, Legislativo e Judiciário – a sociedade e todos que querem dar um fim a esse desastroso quadro de violência.
Inclui, sem duvida, um empoderamento maior da mulher, a mudança radical da cultura machista que permeia nossas relações e a conscientização de que somente nos organizando poderemos mudar essa triste realidade brasileira.