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Dilma Rousseff, coração valente

alberto-goldman-foto-george-gianni-psdbA jovem Dilma Rousseff, ideologicamente socialista desde a juventude, após o golpe militar de 1964 passou a se opor à ditadura militar implantada e, como muitos jovens na época, ingressou na luta armada como caminho para a derrubada do regime. Tornou- se membro da COLINA, Comando de Libertação Nacional e posteriormente do VAR-Palmares, Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, organizações que se formaram para combater a ditadura. Passou quase três anos presa (1970–1972) e foi torturada pelos militares da Operação Bandeirante (OBAN). Após a queda da ditadura passou a fazer parte do PDT, tendo atuado no governo gaúcho como Secretario de Estado. De uma forma ou de outra, ainda que eu sempre tenha rejeitado a opção da luta armada para derrubar o regime ditatorial, estivemos lado a lado.

Pela sua formação política e por sua conduta em toda a sua história ninguém poderia acusá-la de qualquer interesse pessoal em sua vida pública. Nem antes, nem depois quando passou a exercer as funções de Ministro do Governo Lula e nem agora no exercício da Presidência da República.

Vamos dar um salto no tempo e chegar aos dias de hoje. Todos acompanharam o que se passou nesses últimos doze anos, onde ela, Dilma, teve um papel central, primeiro no governo Lula e agora como a maior mandatária do país. Esses anos estão agora sendo desvendados, para nossa surpresa, como um filme de horror que se apresenta aos olhos da população. O grau de apodrecimento a que chegaram os governos petistas nesse período é algo que ultrapassa o que poderíamos imaginar. Nem eu, que convivi nas últimas décadas com tudo isso, poderia pensar que um dia veria tamanha podridão.

Não sei se ela sabia de tudo que se passava. Tudo, não, mas de uma parte, certamente, ainda que não fosse o personagem principal desse imenso mar de lama. Beneficiária sim, o foi, como presidente eleita, e agora enfrenta uma crise que talvez o país não tenha passado em toda a sua História.

Não se poderia esperar dela uma atitude muito corajosa, um coração valente, que expusesse de forma crítica e autocrítica o período passado. Afinal ela conheceu e acompanhou tudo aquilo que se passou, ainda que pudesse não saber de tudo que se articulava. Mas poder-se-ia esperar que não tivesse uma atitude tão covarde como a exposta nos últimos dias de acusar o governo FHC como o responsável pelo que estamos assistindo.

Ela disse que “se em 1996 ou 1997 tivessem investigado e, naquele momento, punido, nós não teríamos o caso desse funcionário da Petrobras ( o gerente Pedro Barusco ) que ficou quase 20 anos atuando em esquema de corrupção.” Como se tudo que se constata hoje tivesse algo a ver com um funcionário da empresa que ganhou uma propina naquele período. Como se naquele período, ou mesmo em algum anterior, tivesse sido montada uma operação tão audaciosa e criminosa, articulando os diretores por ela e Lula indicados, empresários fornecedores da Petrobras e dirigentes políticos dos partidos da base governista. Por doze anos, sob as vista dela e de seu mentor.

Falsidade, enganação, escapismo, conivência. Sua ousadia não expressa a coragem, um coração valente. Expressa a covardia, a busca de responsáveis há mais de 12 anos, para diluir as suas responsabilidades mesmo tendo sido ela essa figura proeminente do governo todo esse tempo.

Perdeu todo o respeito.

O título desse post deveria ser atualizado: Dilma Rousseff, alma pequena, caráter covarde. Uma pena. Uma história bonita jogada no maior mar de lama que o Brasil já viu.

Artigo do vice-presidente do PSDB, Alberto Goldman

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