Há muitos anos que, oficialmente, no Brasil é adotada a taxa de câmbio flutuante como política cambial. Por esse regime, a paridade “Dólar X Real” é livremente cotada segundo forças de mercado, obedecendo também à clássica lei econômica de oferta e demanda, no caso, de disponibilidade de moeda.
Por forças de uma conjuntura externa, há tempos amplamente favorável aos países em desenvolvimento, populosos e, sobretudo, produtores de commodities, é natural que, em tempos de globalização dos capitais, o mundo também aproveite a fartura de recursos financeiros disponíveis para dirigi-los ao país que paga a maior taxa de juros reais do planeta. Assim, por excesso de dólares em nossa economia, a tendência é de valorização do Real, ou, em outras palavras, forte queda do dólar.
Como esse movimento de apreciação da moeda doméstica já vem insistentemente prejudicando as exportações do país, principalmente dos produtos manufaturados, a convivência com a situação desafia a capacidade do governo em contornar o indesejável efeito colateral.
Assim, negligenciando qualquer premissa da economia, a área econômica do Governo Federal inicialmente decidiu abusar da criatividade e criar uma nova modalidade de política cambial: a da ameaça. De tempos em tempos, regularmente, assistíamos à convocação de entrevistas coletivas para afirmar que “dispomos de recursos para conter a apreciação cambial”, entre outras medidas inimagináveis. E, pasmem, dava certo!
De repente, com todos os índices de inflação claramente evidenciando os erros, principalmente eleitoreiros, da gestão econômica de um passado recentíssimo, os “criativos” perceberam que a conveniência agora, inversamente, mandava tomar proveito da onda natural de apreciação do Real para tentar contornar a perversidade do consentimento à inflação mais acentuada, em troca de recompensa nada partilhável à população.
O raciocínio agora pressupõe que atravancando nossas exportações e adquirindo produtos “baratinhos” do exterior, todos os erros ficam escondidinhos aguardando a poeira baixar.
E as consequências disso? Limitação da capacidade de geração de empregos, baixo aproveitamento do setor exportador, insegurança em investimentos, etc.
Enfim, não se pode brincar assim com preceitos econômicos, pois suas conseqüências acabam respingando na população. Políticas econômicas precisam de princípios norteadores, fundamentais e inatacáveis, para garantir estabilidade ao longo dos tempos.
Em primeiro lugar, o governo tem que resguardar a indústria nacional, não com aquele nacionalismo exacerbado
tipo “o petróleo é nosso”, mas com moderação.
Do jeito que está, crescer sacrificando exportadores é o mesmo que fazer uma casa sem alicerce. A casa vai ficar
em pé, mas ao menor sinal de um temporal ela cede e, por fim, cai.
Dá-se a impressão que alguém está levando vantagem com a taxa de juros nessas alturas.
Seria um crime pensar em vantagem dessa maneira, mas neste país tudo é possível.
De fato, a indústria tem sentido as consequencias da apreciação do Real, principalmente os produtores de manufaturados. Concordo!
Mas, minha principal crítica é a falta de rigor e compromissos com preceitos macroeconômicos.
Não é viável essa manipulação de mercados exacerbada que assistimos.
Agradeço pelo comentário!
Abraço,