A reforma agrária ficou ao Deus dará no governo Dilma. Mas Stédile, velho sabujo do petismo, está aí, exibido por Lula como um cão de guarda a quem se manda atacar, rolar ou deitar. Ao que parece, foi uma tentativa de intimidar aqueles que insistem em criticar um governo em crise geral.
O ajuste fiscal de Dilma é feito exclusivamente à custa dos mais pobres, com tarifaço na conta de luz, inflação, aumento de juros, perda de direitos trabalhistas e mais impostos – sem impor sacrifícios aos que podem se sacrificar. Mas aí está a direção da CUT, em permanente síndrome de Estocolmo, no papel da amante traída que sempre perdoa o malandro pela última vez.
A sabujice desses grupos sob o petismo é total. Cada um ao seu modo, praticam uma espécie de independência política às avessas. São governistas independentemente do fracasso de suas reivindicações, do desprezo e da insensibilidade do governo aos seus apelos. Perderam toda a vergonha.
A diferença do peleguismo populista dos tempos de Vargas e Perón era a qualidade do conchavo. Trocava-se obediência política por mais direitos sociais. O neopeleguismo da CUT, MST etc tem a natureza mais vil e patrimonialista: o suborno estatal em troca da instrumentalização política, ainda que à custa do total descolamento com a pauta de seus representados.
Lula, por assim dizer, os rebaixou à sua imagem e semelhança. Os interesses políticos de tal modo se subordinaram aos apetites econômicos – claro, em permanente confusão com os interesses do Estado – que nem eles mesmo sabem mais o que defendem. Lutam apenas pelo “direito” de parasitar os cofres públicos. O resto é foice no escuro.
Até os azulejos do triplex com vista para o mar sabem que Lula, o amigo do Paulinho, só fustiga as elites diante das câmeras. Como um carrapato a defender a saúde do cavalo, Lula armou o picadeiro para sua luta de classes em defesa da Petrobras. Tentava assim encobrir o fato de que ele nunca esteve tão a serviço dos mais ricos como agora.
Ao mesmo tempo que o rei dos sabujos patrocina o arrocho fiscal só para pobres, coordena uma operação de salvamento para seus enrascados na Justiça.
A aflição deles, como a dos “movimentos”, tem razão de ser. O julgamento do Mensalão foi exemplar. Os operadores que se calaram, como Marcos Valério e Kátia Rabelo, foram punidos exemplarmente e ainda amargam o regime fechado, enquanto praticamente todo o núcleo político já goza a liberdade.
Como convencer os encarcerados da Lava Jato que dessa vez será diferente? Terão os diretores das empreiteiras o mesmo espírito de sacrifício de Marcos Valério, condenado a 40 anos? Como garantir que, mais uma vez, o PT não lançará seus parceiros ao abismo? Será preciso mais do que um exército de velhos sabujos para mudar o curso da história.