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Sampaio alerta Renato Duque para duras consequências caso insista em não detalhar esquema

16677262470_feeebdc728_z-300x200Diante do silêncio do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, o líder do PSDB na Câmara, deputado Carlos Sampaio (SP), alertou o depoente que sua opção por ficar calado possa ter sido a mais inapropriada. “Não sei se vale a pena permanecer em silêncio, tendo sido o senhor o agente de um mecanismo muito maior, cujo os mandantes continuam levando uma vida nababesca, enquanto o senhor continua preso”, avisou.

Duque foi detido novamente na segunda-feira (9). Segundo o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, os procuradores da República descobriram que Duque continuou lavando dinheiro mesmo depois da deflagração da operação, há um ano. Duque “esvaziou” suas contas na Suíça e enviou € 20 milhões para contas secretas em Mônaco. O dinheiro, que não havia sido declarado à Receita Federal, acabou bloqueado pelas autoridades do país europeu. De acordo com o juiz, há indícios de que o investigado mantém outras contas correntes nos Estados Unidos e em Hong Kong. O Código de Processo Penal  e a Constituição Federal garantem o direito ao silêncio ao investigado.

Sampaio enumerou diversas evidências que apontam para a participação de Duque como peça-chave do esquema de corrupção na Petrobras. Conforme destacou, o ex-diretor foi relacionado, em delações premiadas, a pelo menos 88 projetos de obras envolvidas em pagamentos de propina. Os empreendimentos correspondem ao período de dezembro de 2003 a fevereiro de 2011. O orçamento original para essas obras era de R$ 69 bilhões.

De acordo com dados compilados e extraídos das delações premiadas, a propina paga em cima desses projetos seria de, no minimo, R$ 884 milhões, que em valores atualizados correspondem hoje a R$ 1,5 bilhão. Para Duque, teriam sido desviados cerca de R$ 311 milhões. Outros R$ 200 milhões teriam sido repassados a Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobras) e R$ 600 milhões a João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.

Depois de expor inúmeras evidências da corrupção praticada por Duque, Sampaio avisou: “Digo tudo isso para lhe falar que a postura de Marcos Valério, no mensalão, foi de que o PT iria salvá-lo, pois tinha a promessa dos caciques de que seria protegido. O resultado? foi preso e pegou 40 anos de cadeia”.

O líder tucano ressaltou ainda que os atuais delatores do esquema na maior estatal brasileira já estão sendo beneficiados. “Paulo Roberto Costa, que já se encontra em sua casa. Alberto Youssef, que tem a perspectiva de perdão judicial. Pedro Barusco, seu amigo e companheiro, deu detalhes a essa CPI e o engenheiro Shinko Nakandakari”, citou.

A recusa em fazer um acordo de delação premiada e agora o silêncio na CPI foram um erro, na avaliação de Sampaio, que é procurador de Justiça há 28 anos. “Com a experiência que tenho no Ministério Público afirmo que o senhor vai ser condenado a pelo menos 30 anos e a chance de ser protegido pelo PT é zero”, ressaltou. Para o líder tucano, Duque está jogando fora a oportunidade de delatar os envolvidos e principais responsáveis pelo esquema e se redimir dos inúmeros crimes que cometeu. “Se chegou ao senhor a informação de que não vai dar em nada, isso desandou, porque vai dar”, finalizou.

O que dava para comprar com a propina
-> De acordo com Sampaio, o R$ 1,5 bilhão desviado pelo trio Duque/Barusco e Vaccari seria capaz de pagar 4,5 bilhões de cestas básicas, pagar 1,5 milhão de salários mínimos, comprar 378 milhões de quilos de feijão ou ainda pagar 8,7 milhões de Bolsas Família.   

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