Primeiro foi o mensalão, depois transformado em troco pela roubalheira que vem sendo desnudada com o petrolão. Agora chegou a vez dos negócios na área de energia. Dilma Rousseff pode até não ter participado do primeiro, mas esteve em posições de proa no segundo e pode estar enredada de vez no terceiro megaescândalo da era petista.
Na semana passada, a Operação Lava Jato começou a desbaratar a teia de corrupção dos negócios no setor elétrico federal. Iniciou pelas obras de construção da usina nuclear de Angra 3 e deve se espraiar por um latifúndio de R$ 28,6 bilhões em empreendimentos tocados pela Eletrobrás. Não há limite para a sanha corruptora petista.
O negócio em questão tem todos os ingredientes típicos das roubalheiras anteriores. Parada há 25 anos, a construção de Angra 3 foi retomada quando Dilma estava na Casa Civil e Lula na presidência da República. Já deveria estar pronta, mas seu custo dobrou para R$ 15 bilhões e o término da obra só deve acontecer em 2018 – e olhe lá.
A lista de obras com suspeitas de desvios é muito mais extensa. Também inclui, para ficar nos exemplos mais vistosos, as hidrelétricas de Belo Monte – cujo valor saltou de R$ 19 bilhões para R$ 33 bilhões, mas teve apenas 2/3 concluídos até agora – e Jirau, e até a fabricação de submarinos nucleares, cujo projeto beira R$ 30 bilhões.
Por ora, a Polícia Federal prendeu o presidente licenciado da Eletronuclear, mas dois diretores da Eletrobrás suspeitos de envolvimento nos desvios também pediram licença do cargo na semana passada. Um deles tem notórias ligações com a presidente da República: Valter Luiz Cardeal, diretor de Geração da estatal, que acompanha Dilma desde os tempos do governo do Rio Grande do Sul.
Cardeal personifica a relação umbilical de Dilma com o setor que ora é objeto de escrutínio do Ministério Público, da Justiça Federal e da PF. Mas há muito mais. Há mais de uma década, a hoje presidente tem seu nome atrelado ao setor elétrico nacional, que comandou no início do governo Lula e depois tutelou como ministra-chefe da Casa Civil e, posteriormente, como presidente da República.
O envolvimento de Dilma com a corrupção não passa de suposição. Mas é notório que, de forma progressiva, os negócios investigados estiveram ou estão muito próximos dela. Enquanto a Petrobras era assaltada em pelo menos R$ 19 bilhões, a petista presidia o seu conselho de administração e aprovava empreendimentos ruinosos. Na área energética, tudo passava por ela – supostamente sob mãos de ferro.
Como constatou um dos procuradores da Lava Jato, a roubalheira vem se espalhando por toda a administração pública federal, num deplorável “processo de metástase”. São as consequências do modo petista de administrar, que transformou o aparato estatal num balcão de negócios e alçou a corrupção à condição de método de governo. Já faz 13 anos que é assim.