Não foi desta vez que a Petrobras voltou a dar alegrias a seus acionistas e aos brasileiros em geral.
A outrora maior companhia do país continua devendo bons resultados, ainda sob os escombros da pilhagem de que foi vítima nos últimos anos pela gestão petista. Seus próprios gestores atuais admitem: a recuperação vai demorar a vir.
Na semana passada, a Petrobras anunciou seus resultados no segundo trimestre do ano. O mais impactante foi a queda de 89% nos lucros em relação ao período de abril a junho de 2014. No semestre, a baixa foi menor (43%), mas nem por isso menos expressiva: sobraram quase R$ 5 bilhões menos no caixa nestes seis meses.
Quem acompanha o dia a dia da companhia contava com um lucro que poderia ultrapassar R$ 4 bilhões, mas a estatal só entregou R$ 531 milhões. Resultado: as ações despencaram depois da divulgação dos resultados e das explicações dos gestores da companhia. No ano, ainda sobra um magérrimo ganho de 3,5% – que não dá nem para cobrir a inflação…
O que mais impactou o resultado da estatal no trimestre não foi a sua operação (que melhorou, com alta na produção). A Petrobras resolveu pagar impostos em litígio com a União e provisionou R$ 4,4 bilhões para quitar IOF em atraso. A ajudinha veio justamente no momento em que o Tesouro (ou seja, o governo) caça dinheiro de todo tipo para tentar engordar o resultado fiscal. Todo mundo achou estranho.
Na realidade, a companhia revelou que tem uma montanha de passivos fiscais entocados na sua contabilidade. Somam R$ 96 bilhões, capazes de deixar analistas e investidores de cabelo em pé com as perspectivas sombrias que levantam sobre a saúde da empresa. O montante praticamente equivale ao atual valor de mercado da Petrobras.
O endividamento da empresa também continua monstruoso. A dívida bruta ultrapassou R$ 415 bilhões. Em seis meses, aumentou 18% e já é superior ao patrimônio da companhia. A dívida líquida subiu para R$ 324 bilhões, mantendo o risco de rebaixamento da avaliação de crédito sobre a cabeça da Petrobras – algo que poderia lhe tirar mais uns 30% de valor de mercado, segundo analistas.
O estrago que a empresa sofreu nestes anos em que foi transformada em butim repartido pelo PT com seus aliados demorará a ser superado. Segundo Aldemir Bendine, presidente da Petrobras desde fevereiro, é serviço para, no mínimo, mais cinco anos. Isso dá a dimensão do tempo perdido por este patrimônio dos brasileiros depois que o governo resolveu intervir fortemente no setor de petróleo e mudar as regras de exploração no país.
A situação da Petrobras reforça a conveniência de rever os marcos legais e retirar da empresa os cabrestos que a gestão petista lhe impôs. O balanço geral indica que as obrigações do pré-sal e do modelo de partida só lhe causaram perdas. Em boa hora, o Congresso deve aprovar proposta do senador José Serra que retira a obrigatoriedade de a Petrobras participar de negócios para os quais demonstra, a olhos vistos, não ter fôlego.