Deputados do PSDB apresentaram voto em separado ao relatório da CPI da Petrobras com o pedido de responsabilização do ex-presidente Lula e da presidente Dilma, entre outros envolvidos.
O relatório original apresentado pelo deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) isentou de culpa os principais personagens do escândalo e colocou em dúvida o instituto da delação premiada, adotado nas investigações da operação Lava Jato.
Os tucanos também defendem a instauração de inquérito penal e civil contra os ex-ministros José Dirceu, Antonio Palocci, Guido Mantega, Ideli Salvatti, Gilberto Carvalho e Edinho Silva. Os argumentos do voto em separado são sustentados por depoimentos prestados à comissão de inquérito e à Justiça, provas documentais presentes em documentos e inquéritos da Polícia Federal, e por provas periciais.
Além da abertura de inquéritos contra o chamado “núcleo estratégico” do esquema de corrupção na estatal, o documento pede o envio dos autos em forma de denúncia a Dilma. O texto destaca que a petista manteve-se inerte diante dos atos criminosos praticados na petrolífera e praticou atos que ofendem a probidade na administração. O relatório deve ser enviado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que apura a origem de recursos usados na campanha de Dilma à reeleição. O documento detalha ainda os núcleos político, operacional, público e privado do esquema.
O voto em separado do PSDB responde a 13 questões essenciais não tratadas pelo relator da CPI. As provas demonstram, por exemplo, que o Palácio do Planalto tinha conhecimento do esquema de corrupção. O governo do PT se beneficiou, direta ou indiretamente, do modelo de gestão sustentado em atos de corrupção, avaliam os tucanos.
“Nosso entendimento é que havia uma grande organização criminosa, com um núcleo político que indicava e se beneficiava das propinas. O núcleo estratégico, dentro do Palácio do Planalto, garantia o funcionamento desse grande esquema que nasceu de forma geminada com o mensalão”, explicou o deputado Bruno Covas (SP).
PROJETO DE PODER
O relatório derruba a tese de que a Petrobras foi vítima e defende que a companhia foi um “instrumento colocado à disposição de uma organização criminosa para permitir a perpetuação de um grupo político no poder”. O deputado Izalci (DF) afirma que a corrupção foi sistematizada na petrolífera para que a gestão petista se mantivesse, a qualquer custo, no poder.
O tucano acredita que a aprovação do relatório original apresentado pelo deputado Luiz Sérgio seria um retrocesso. “Ele modifica o filme. Em vez de atacar os bandidos, ataca os mocinhos. Não indicia ninguém e protege alguns criminosos. Nós restabelecemos o que está no contexto da CPI”, completou.
O relatório apresentado pelo deputado Luiz Sérgio frustrou as expectativas não apenas de membros da CPI, mas de toda a população, destacou Antonio Imbassahy (BA), 1º vice-presidente do colegiado. “É impensável que, ao encerrar os trabalhos da CPI, se faça a aprovação desse documento. Por isso apresentamos o voto em separado com seriedade e consistência para levar adiante a investigação do maior escândalo de corrupção da história do Brasil”, frisou.
MEMBROS DA DIRETORIA
Outro fato ressaltado pelo texto dos parlamentares tucanos é que a responsabilidade pelo saque à Petrobras deve ser compartilhada com os membros da diretoria executiva e do Conselho de Administração, no período entre 2003 e 2014.
“Os agentes políticos responsáveis pela indicação dos diretores apanhados na Lava Jato, incluídos aqueles que ocupavam cargos no Palácio do Planalto, devem, igualmente, ser responsabilizados de forma solidária, pois, além de cientes do esquema de corrupção que existia na estatal petrolífera, pesam sobre eles a responsabilidade pela culpa em vigiá-los e em elegê-los”, defende o voto em separado.