POR MIGUEL HADDAD
Nosso País, ao longo da sua história, tem conseguido enfrentar com êxito crises de grandes proporções. Mais de uma vez, conseguiu vencer o embate com as forças que se contrapunham ao verdadeiro interesse nacional.
São exemplos disso a abolição da escravatura, fruto das gloriosas jornadas abolicionistas, e, mais recentemente, o fim da ditadura, com o movimento das Diretas Já e, embora não tenha sido precedido de manifestações de rua, mas exigido de forma patente pela maioria dos brasileiros, a vitória sobre a hiperinflação, com o Plano Real.
Neste momento enfrentamos uma situação que será vista, mais à frente, como igualmente decisiva para o futuro da Nação. De um lado temos um governo que conquistou o poder montando uma farsa de tal forma evidente que a máscara dos seus intérpretes caiu já nos primeiros dias que se seguiram à sua vitória eleitoral.
A reação do povo brasileiro não se fez esperar: Dilma Rousseff amarga hoje o menor índice de confiança que a população já atribuiu a qualquer outro presidente da República e o triste recorde de número de pedidos de impeachment submetidos ao Congresso Nacional.
Tudo isso acontece tendo como pano de fundo a exposição, feita pela Operação Lava Jato e por depoimentos em sucessivas CPIs do Congresso, do descomunal esquema de corrupção promovido pelas administrações petistas.
Em meio a essa turbulência política, assistimos o País mergulhar em uma das suas maiores crises econômicas, que tem sido comparada a um filme de terror que nunca tem fim.
E o que é mais assustador: ao invés de voltar os seus esforços para tentar evitar o pior, ou seja, que o Brasil volte ao caos da hiperinflação, anulando conquistas de décadas, fazendo com que corramos o risco de regredir 20 anos, todo o esforço do governo se concentra em evitar o impeachment e colocar os líderes do seu partido, que chefiaram o maior esquema de corrupção de que se tem notícia, fora do alcance dos inquéritos judiciais e das CPIs.
Cegos aos sofrimentos que infligem à população, que vê o seu sonho de viver em um País melhor se transformar em pesadelo, com ameaças de desemprego em massa, tendo de cortar despesas em itens básicos como alimentação e educação dos filhos, os ocupantes do poder, figuras menores, incapazes de grandes gestos, têm olhos apenas para aquilo que é de seu interesse.
A marcha dessa insensatez, terminará, como terminaram outras de igual natureza, na lata de lixo da história.
Miguel Haddad é deputado federal