Apesar da reação do chanceler José Serra de criticar as manifestações feitas por governos esquerdistas da América Latina e outras organizações contra o processo de impeachment, a diplomacia de Cuba promoveu campanha contra o presidente interino, Michel Temer. Em e-mail enviado para dezenas de organismos internacionais, divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o governo cubano alerta para um “golpe” no Brasil.
O esforço, no entanto, não deve causar nenhum impacto, segundo o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
“Essa campanha não faz o menor impacto. Quais são os jornais independentes de Cuba? Quais são os partidos políticos que podem funcionar livremente lá? E o Poder Judiciário em Cuba? As eleições para presidentes? É um governo autoritário que não tem a menor condição de dar lição de democracia ao Brasil, onde o processo de impeachment transcorreu com o acompanhamento da imprensa livre, com voto de maioria da Câmara e do Senado e sob supervisão do Supremo Tribunal Federal”, afirmou.
O senador elogiou a postura do governo brasileiro, que emitiu duas notas à imprensa repudiando as declarações de países vizinhos que atacaram o processo de impeachment de Dilma Rousseff. Para Aloysio Nunes, é importante deixar claro que a petista foi afastada em um procedimento que segue a Constituição.
“Está reagindo à altura, evidentemente. Primeiro, para desqualificar críticas mentirosas que vem de país cujo sistema político é autoritário. Em segundo lugar, dando instruções para que os nossos representantes possam esclarecer quais são as condições em que a presidente Dilma foi afastada: por ter cometidos crimes, em razão da aplicação da Constituição em um processo absolutamente transparente.”
Mesmo diante das críticas feitas por países e organizações sul-americanas, alguns líderes internacionais avaliam o processo com naturalidade. Segundo o Estadão, o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban KiMoon, disse acreditar que os processos democráticos no Brasil são respeitados.