O ministério das Relações Exteriores, chefiado pelo tucano José Serra, criticou a postura do presidente de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, que classificou o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff como um “golpe de Estado” e disse que não reconheceria o governo de Michel Temer. Em resposta às afirmações do líder salvadorenho, o Itamaraty afirmou, em nota, que a atitude revela “amplo e profundo desconhecimento sobre a Constituição e a legislação brasileiras, sobre o rito aplicável em processos de impedimento e sobre o pleno funcionamento das normas e instituições democráticas no país”.
Como destaca matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, Salvador Sánchez Cerén já proibiu a embaixadora do país no Brasil, Diana Marcela Vanegas, de ir a eventos realizados por Michel Temer, além de ter afirmado que vai chamá-la para uma consulta. Na nota, o Ministério da Relações Exteriores criticou as declarações, destacando as relações comerciais existentes entre Brasil e El Salvador.
“Causam especial estranheza tantos equívocos, uma vez que El Salvador mantém intensas relações econômicas com o Brasil e é o maior beneficiário de cooperação técnica brasileira em toda a América Central”, salientou o Itamaraty.
Ao final do documento, a pasta solicitou que o país centro-americano reveja seu posicionamento em relação à gestão Temer. “Por isso tudo o governo brasileiro espera que o governo de El Salvador reconsidere sua posição, com base em avaliação objetiva e factual da realidade, e em respeito às instituições brasileiras e aos princípios que têm regido as relações entre os dois países”, encerra a nota.
Na última sexta, o órgão já havia rebatido as críticas feitas pelos governos da Venezuela, Cuba, Bolívia, Equador e Nicarágua, pela Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América/Tratado de Comércio dos Povos (ALBA/TCP) e também pelo Secretário-Geral da UNASUL, Ernesto Samper, a respeito da conjuntura política no Brasil.