O estrago na imagem do PT com a série de escândalos de corrupção ligados ao partido afetou as candidaturas da legenda por todo o país, até mesmo nas cidades consideradas principais redutos eleitorais da sigla. É o que aponta a última pesquisa do Datafolha na cidade de São Paulo, em que o PT perdeu 87% de seus eleitores pobres – pior resultado desde 2008.
De acordo com matéria do UOL desta segunda-feira (19), o prefeito paulistano Fernando Haddad, candidato à reeleição, tem apenas 9% das intenções de voto. Entre os mais pobres, a situação é ainda pior, com Haddad registrando apenas 6% da preferência das pessoas com renda familiar mensal de até 2 salários mínimos. Contando todo o eleitorado, o petista tem 46% de rejeição. Segundo a pesquisa Datafolha, nunca um candidato do partido teve números tão baixos entre os eleitores de baixa renda a cerca de 20 dias do 1° turno, época que foi feito o levantamento na capital paulista.
Para o deputado federal Bruno Covas (PSDB-SP), o declínio do PT nas eleições de 2016 se deve à gestão ineficiente, que deixou uma herança maldita para o país, e aos diversos casos de escândalo de corrupção. “Por onde o PT vai, é como se uma nuvem de gafanhotos passasse, com destruição total para dar muito trabalho para quem chega para reconstruir. E a população mais carente, que depende de políticas sociais do governo e emprego, é quem acaba pagando essa conta. Não é à toa que candidatos do PT pelo Brasil estão escondendo a cor vermelha, a estrela, o nome do partido, o Lula, a Dilma, porque os símbolos passam uma imagem muito negativa a toda população em relação a tudo que se passou nos últimos anos no país”, avaliou o parlamentar, que é candidato a vice-prefeito na chapa com o também tucano João Dória à prefeitura de São Paulo.
O envolvimento das principais estrelas do PT em denúncias de corrupção, o avanço do desemprego e ainda o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff também dificultaram o desempenho dos candidatos petistas na região metropolitana de São Paulo – boa parte governada por prefeitos da sigla. Segundo matéria do jornal Valor Econômico, apoios e doações minguaram até no chamado cinturão vermelho, onde candidatos da base aliada do governador Geraldo Alckmin (PSDB) lideram as pesquisas.
O isolamento político atingiu em cheio os candidatos petistas de Osasco, Garulhos, São Bernardo do Campo (domicílio eleitoral do ex-presidente Lula) e Diadema – município conhecido por ser a primeira cidade administrada pelo PT, a partir de 1983. “Temos em torno de 2,4 milhões dos 12 milhões desempregados no país somente na região metropolitana de São Paulo, composta por 39 municípios. E é claro, isso é um desgaste muito grande para o PT e seus partidos satélites que apoiaram os governos de Lula e Dilma. As pessoas não querem contribuir para a manutenção dessa forma de fazer política, de desgoverno”, disse Bruno Covas, ressaltando que “os números pós-eleição vão mostrar uma grande dimuição de prefeituras e de votos dados ao PT nessas eleições”.