“Vida política agitada” com foco e preocupação na saúde e na educação. Assim define o médico e deputado Pedro Tobias (PSDB) a sua trajetória na vida pública. Em seu quinto mandato na Assembleia Legislativa, o parlamentar conta sua vida no exterior e fala da sua ideologia.
Tobias ingressou na política aos doze anos de idade. Em seu país de origem, Líbano, ele diz que se envolveu de forma “agressiva”. Naquela época, ele fundou em sua aldeia um partido de esquerda, denominado PPS. Ele conta que em sua cidade havia os cristãos que apoiavam a direita e que, uma noite, os partidos fortes da região foram até o local para combatê-los. “Nós sequestramos o prefeito e os vereadores e os levamos para outra cidade para estabelecer um acordo. O objetivo era tranquilizar as relações entre os partidos”, diz. Agora, “sou pacifista”, destaca o deputado.
Sobre sua formação, lembra que na década de 1960 foi para a França (onde permaneceu por quinze anos), quando formou-se em medicina. Ele fala que o país vivia um período de democracia, revoltas e reivindicações.
Em 1978, veio para o Brasil e pediu a naturalização. Após três meses, foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), em Bauru. “Toda minha vida foi na política”. Ele elegeu-se vereador no município em dois mandatos.
Em 1998, foi eleito deputado estadual pela primeira vez, com 44 mil votos. Em seu quinto mandato consecutivo, priorizou as políticas públicas voltadas para as áreas de saúde e educação.
Médicos sem Fronteiras
Durante seus anos na França, Tobias participou da fundação da organização Médicos sem Fronteiras, que oferece ajuda médica e humanitária para pessoas que estão em situações de emergência.
O deputado conta que o grupo original não está mais atuando na organização. Ele diz que a ideia inicial era trabalhar como voluntário. “Agora virou algo profissional, transformou-se em Cruz Vermelha”. Tobias destaca que é positivo, mas o objetivo era outro. “O voluntário envolve-se com o projeto. Essa era a finalidade”, explica.
Ele conta que já trabalhou na Síria e no Vietnã. “Nós que pagávamos as nossas passagens”. Segundo ele, a maioria das pessoas acredita que o voluntário não sobrevive sem dinheiro. “Na vida há mudanças e diversas transformações”.
Atuação no Legislativo
Para Tobias, o Legislativo fracassou na educação. “Nós gastamos o dinheiro e não vimos o resultado. Metade dos alunos é analfabeta; a outra, semianalfabeta”. O deputado destaca que é preciso uma discussão de como melhorar a educação. Acredita que não pode ser uma discussão partidária. “Isso não leva a nada”. Além disso, frisa que o papel da Assembleia é intermediar sociedade e governo, “e não apenas fazer projetos”.
Sobre a dificuldade de aprovação das propostas, ele explica que é necessário analisar sua legalidade. “Infelizmente, há um acerto e acabamos aprovando apenas um projeto por deputado a cada ano”, diz.
Tobias diz que o país é muito burocrático. “O Brasil possui leis atrás de leis que engessam o cidadão. Se houvesse cerca de 80% menos, facilitaria a vida deles”. O deputado compara a Constituição da França com a dos brasileiros. “A Francesa possui meia dúzia de páginas. A nossa uma enciclopédia. Se fosse como é lá, o Brasil diminuiria os seus custos e teria mais resultados positivos”, diz.
O deputado lembra-se de um colega francês, que considerou as pessoas do terceiro mundo como bajuladoras. “Na França, a instituição que é bajulada. No Brasil, as pessoas conhecem os homens políticos, mas não os seus projetos”, diz Tobias.
Saúde
Há mais de trinta anos atuando no Sistema Único de Saúde (SUS) como mastologista e ginecologista, Pedro Tobias falou sobre a pílula do câncer. “Foram gastos R$ 10 milhões em algo que já se sabia não ter efeito”. Segundo ele, os políticos aproveitam-se dos pacientes. “Há questões em que o Legislativo não pode atuar. Somente o meio científico pode dizer algo a respeito”.
Sobre projetos voltados para a área, o deputado aprovou a Lei 12.060/2005, que cria leitos psiquiátricos nos hospitais do Sistema Único de Saúde. Segundo a Lei, o procedimento de internação hospitalar psiquiátrica será utilizado como último recurso terapêutico e objetivará a mais breve recuperação da pessoa acometida de transtorno mental.
Para Tobias, a PEC nº5/2016, que altera o teto dos salários do servidor público, quebrará o Estado. “A proposta é aumentar a remuneração. Privilegiará mais de cinco mil funcionários”.
Ele diz que não vê manifestações da imprensa e da sociedade sobre a PEC. “Hoje 90% dos deputados estão a favor dessa proposta, que trará consequências futuras ao Estado. Oito milhões a mais no orçamento da Assembleia”. Segundo o deputado, “o país está quebrado e enfrentando o desemprego, e quer aumentar salários para R$ 24 mil. Quem está pagando são as pessoas de baixa renda”, diz.
Sobre a Reforma da Previdência, Tobias diz que é contra. “Tiraram os privilegiados e ficou só o pobre, que será prejudicado”.
Futuro
Pedro Tobias diz que não pretende mais se candidatar ao cargo de deputado estadual. Para ele, é preciso abrir espaço para a renovação dos políticos: “Tudo na vida tem começo, meio e fim”.