Por Mara Gabrilli
Há exatamente um ano, fui eleita para integrar um Comitê na Organização das Nações Unidas que monitora o cumprimento da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. Até então, nosso país nunca havia tido um membro compondo tal grupo.
Formado por 18 membros independentes, peritos na temática da pessoa com deficiência, esse comitê contempla diferentes países e monitora a implementação da Convenção pelos Estados Partes.
Nossa nação tem um histórico de grande protagonismo na elaboração da Convenção da ONU. Crescemos de maneira significativa se pensarmos em inclusão diante da realidade de outros países signatários da Convenção, que ainda enfrentam barreiras enormes para garantir, por exemplo, direitos civis às pessoas com deficiência intelectual, que no Brasil saem muito à frente, exercendo o direito de casar, ter filhos, votar e serem votadas.
O Brasil, pela primeira vez, tem a oportunidade de não só trocar experiências exitosas junto a outros países signatários, mas também de interferir em questões de direitos humanos internacionais.
Uma oportunidade de nos tornarmos modelo para outras nações, ajudando a incluir esse contingente muitas vezes ignorado e repleto de potencial inexplorado. A inclusão é o caminho para o desenvolvimento de qualquer nação que visa o progresso.
Estar na ONU, carregando comigo uma somatória de exclusões (mulher e tetraplégica) me alertou para o descumprimento de uma série de direitos no mundo, principalmente quando nos referimos à população feminina. E é uma honra e responsabilidade representar minha nação e ter a chance de trabalhar para que os direitos das pessoas mais vulneráveis – do Brasil e do mundo – sejam reconhecidos e fortalecidos.