*Por Wagner Gockos
Este título é mais que uma frase de efeito. É um conceito moral, social e político, sendo o princípio de agir de um líder que nos deixou órfãos de seus ensinamentos há exatos 21 anos.
É a definição de 40 anos de vida pública, pautada pela coerência e ética. A pedra mestra de um dos maiores homens públicos que tivemos, Mário Covas.
Entrou na política em 1961, como candidato a prefeito de Santos. Em 1962, elege-se Deputado Federal, fundando o então MDB.
Na liderança do MDB, Covas deu provas de sua coragem e coerência na defesa do Deputado Federal Márcio Moreira Alves. Clamou para que aquela sessão não se “transformasse no funeral da Democracia”. O tribuno “venceu”, porém as reações foram avassaladoras ,e no dia seguinte, foi decretado o AI-5, cassando seus direitos políticos e de outros parlamentares.
Covas não deixou o país, dedicou-se a engenharia, após 10 anos reconquista seus direitos políticos e funda o PMDB, iniciando assim uma rivalidade histórica com o grupo de Orestes Quércia.
Em 1983, um novo desafio, após um período como secretário dos Transportes é indicado pelo Governador Franco Montoro para prefeito da capital.
Na prefeitura da maior cidade do país, encontrou dificuldades financeiras e o início dos movimentos sociais que lutavam pelo fim da ditadura. Sua gestão ficou marcada pelos mutirões para construção de casas, sempre contando com sua liderança.
Eleito Senador em 1986 com a maior votação do país, liderou o PMDB na Constituinte, dividindo o protagonismo no Congresso com Ulysses Guimarães.
Em 1988, descontente com os rumos do PMDB, juntamente com FHC e Franco Montoro, e outros dissidentes, funda o PSDB, lançando-se como candidato a presidência em 1989.
Manteve seu posicionamento coerente e ético, não permitindo que o PSDB aderisse ao governo Collor, que anos antes o havia procurado oferecendo para ser seu vice. Covas recusou e manteve seu partido longe dos escândalos que levariam ao impeachment.
Chega ao Palácio dos Bandeirantes em 1995, já se deparando com o Banespa sob intervenção do Banco Central.
Covas encontrou São Paulo em calamidade administrativa, não havia dinheiro para pagar a folha e até mesmo a Petrobrás ameaçava cortar o fornecimento de combustível para os carros oficiais. A solução foi sanear o Estado, com austeridade financeira, renegociando contratos, reduzindo a máquina pública e desestatizando empresas.
Pagou o preço de sua austeridade nas urnas, penou para chegar ao 2º turno contra Maluf. A virada histórica começou quando pautou à discussão do caráter e da ética, bradando com sua voz forte: “Não me meça com a sua régua”.
Doente, traz a público seu estado de saúde, fazendo questão de ser tratado no INCOR. Com a mesma coragem que enfrentou grevistas, a ditadura e adversários, Covas enfrentou o câncer. Batalha que perdeu em 6 de março de 2001.
Aos seguidores não basta citar suas frases ou contar seus feitos. Mário Covas deve ser lembrado e seguido por sua ética, coerência e por sua honra, sendo este o seu maior legado, suas ações sempre foram conforme suas palavras, não havia desvios ou meia-verdade.
O exemplo é real e consagrado pela história, agora basta segui-lo nos dias atuais.
*Wagner Gockos é vereador do PSDB em Aguaí.