José Serra
Já abordei o tema várias vezes em artigos e palestras. Abaixo, um resumo do drama da indústria de transformação brasileira, outrora o setor de ponta de nossa economia. Sem o dinamismo no médio e longo prazos desse setor não voltaremos à trilha do desenvolvimento sustentado, com bons empregos. É delirante a ideia de que podemos tornar o Brasil um país desenvolvido com base em exportação de commodities e desindustrialização, voltando à época pré-1930, da economia primário-exportadora.
Vejam só o quadro adverso:
– Apesar de gerar apenas 14,6% do PIB (2010), a indústria de transformação é responsável por 33,9% da carga tributária brasileira;
– 40,3% do preço de um produto industrial são constituídos de tributos;
– A indústria de transformação tem um “custo de legalidade” que consome 2,6% do seu faturamento (custo administrativo para se manter em dia com o fisco);
– Os encargos sobre a folha de pagamentos de uma indústria brasileira são 11 pontos percentuais maiores do que a média dos países avaliados (EUA, México, Argentina, Alemanha, França, Coréia do Sul, entre outros);
– O preço da energia no Brasil é o segundo maior do mundo, com diferença de 108,2% (descontados os tributos) para o do Canadá (que tem matriz energética semelhante à do Brasil);
– A indústria brasileira tem um custo financeiro 11,5 vezes mais elevado do que uma indústria de países com cálculo de juros semelhante ao do Brasil (Chile, Itália, Japão e Malásia);
– O Real valorizou-se 49,9% ante o Dólar norte americano no período entre 2006 e 2011, sendo hoje umas das moedas mais apreciadas do mundo. Isso é sinônimo de doença e não de saúde econômica.
Os números foram extraídos de estudos da Federação das Indústrias de São Paulo e outras fontes. São estimativas razoáveis. E o autor, José Ricardo Roriz Coelho, diretor do Departamento de Competitividade e Tecnologia da FIESP, reconhece que “esses são apenas alguns dos fatores que estão retirando a competitividade interna e externa da indústria brasileira”. Não incluem, por exemplo, os custos do sistema brasileiros de transportes, um dos mais caros do mundo.
As eleições municipais estão aí. Felizmente na cidade de São Paulo e em muitas outras cidades de grande porte do Estado temos candidatos a Prefeito eleitoralmente viáveis. Tenho a impressão que em cidades menores, menos dinâmicas, as dificuldades para eleger nossos candidatos são maiores, tendo em vista que não há horário eleitoral na televisão e o dinheiro para campanha é escasso. Doutro lado a doutrina e o programa partidário do PSDB, é mais técnico, mais desenvolvimentista, enfim mais real, mais condizente com quem deseja o progresso universal. Sem promessas impossíveis de serem cumpridas, sem projetos irrealizáveis, sem mentiras e promessas de empregos que nunca acontecerão. Todavia, entendo que ainda que com dificuldades de sermos plenamente entendidos pelo povo, devemos levar adiante e bem alto nossas realizações, nos bandeiras administrativas e politicas. Parabéns José Serra. Conte sempre comigo.