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Entrevista: A atuação do Cade está sob suspeita

A advertência que a Comissão de Ética da Presidência da República aplicou ao presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Vinicius Marques de Carvalho, por ter omitido de seu currículo o fato de ser filiado ao PT e ter trabalhado para quadros do partido, ainda não foi suficiente para reparar os estragos da sua atuação politizada à frente do órgão. É o que defende o vereador Mario Covas Neto, para quem o papel de Vinicius no Cade está sob suspeita. “Sua atuação de hoje em diante será questionável. Qualquer decisão vai suscitar a desconfiança de que possa haver interesse partidário do PT, partido ao qual foi filiado, por trás”, disse.

Covas foi autor do convite para sabatinar o secretário municipal de Serviços, Simão Pedro, autor das denúncias de uma suposta formação de cartel em licitações do trem e metrô em São Paulo e de quem Vinicius foi chefe de gabinete, para esclarecer a relação entre ambos. O evento foi boicotado pela bancada petista, que não permitiu ao vereador questionar o secretário. Covas agora indaga até que ponto essa relação pode ter influenciado as investigações do Cade.

“Ele deve ter esquecido que o Cartel das empresas que fizeram delação premiada com o Cade funcionou no Brasil inteiro e não apenas nos locais que partidos de oposição ao PT estão no poder. Inclusive, se esqueceu que a maior área de atuação desses supostos cartéis deve ter sido o governo federal, do seu partido”, afirmou o vereador.

Confira a entrevista:

A lei veda que o presidente e os conselheiros do Cade tenham atividade político partidária. O senhor acha que a advertência foi o suficiente?
Mario Covas Neto: Não. Mas como o órgão (Comissão de Ética da Presidência da República) é vinculado ao poder executivo e talvez não tenha tanta preocupação com o rigor da questão. Além da advertência eles têm poder legal de pedir a demissão do presidente do Cade. Só que muito além dessa questão, o fato é que por Vinicius ter omitido seu trabalho no currículo oficial implicou em um crime de falsidade ideológica.

Nesse caso, o que mais chama a atenção é que Vinicius não parou de mentir. Ele negou negou que tivesse se encontrado com (o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República) Gilberto Carvalho, mas uma foto de um encontro dos dois foi divulgada. Como se pode confiar em alguém com um cargo cheio de rigores se o sujeito vai lá e declara mentiras sequenciais? É provável que haja mentiras que ainda não apareceram.

Como essa ligação do presidente do Cade com o PT influenciou as investigações recentes do órgão?
Mario: De muitas maneiras. Ele deve ter esquecido que o Cartel das empresas que fizeram delação premiada ao Cade funcionou no Brasil inteiro e não apenas nos locais que partidos de oposição ao PT estão no poder. Inclusive, se esqueceu que a maior área de atuação desses supostos cartéis deve ter sido o governo federal, do seu partido.

Como a influência dos petistas com quem ele trabalhou, como Simão Pedro, Aloizio Mercadante e Gilberto Carvalho, atingem o trabalho e a função do Cade?
Mario: Nesse aspecto do cartel, com esses vazamentos seletivos, já que só vazou o que interessava. Quando o governo do Estado de São Paulo, por exemplo, quis ter acesso à investigação, não foi permitido. O que é curioso porque a imprensa teve acesso. De uma forma informal, mas teve. Isso faz parte do aparelhamento que o PT faz na máquina pública para fazer a manipulação que lhes interessava.

Qual o desfecho ideal para essa situação?
Mario: Seria mais interessante para o País ter um órgão isento, não a toa os indicados para essa posição têm como pré-requisito não ter ligação partidária.

Quais os próximos passos que devem ser adotados?
Mario: O senado deveria convocar o presidente do Cade e fazer um pedido de explicações já que eles foram enganados pelo currículo falso do Vinicius. O Senado não pode aceitar passivamente que alguém vá lá, omita informações para alcançar uma posição almejada e depois se esqueça de tudo. O Vinicius está fazendo chacota com o Senado.

Até o momento, como o senhor avalia a atuação de Vinicius a frente do Cade?
Mario: É uma administração que está sob suspeita. Qualquer decisão sobre qualquer assunto está sob suspeita. Será que não tem um interesse partidário por trás dele? Pode até não ter nada, mas tudo é suspeito.

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