Alguns dias após a informação da polícia federal de SP, vazada para o jornal “O Estado de São Paulo”, de que havia recebido do CADE (desmentido por esse ) relatório que teria sido feito por um ex executivo da Siemens, cuja autoria ele desmente, no qual se fazem pesadas acusações, sem qualquer documento probatório, à Secretários de Estado e parlamentares paulistas, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, confessa que foi ele mesmo quem recebeu o relatório, anônimo, sem assinatura, das mãos do deputado estadual do PT e secretário de Haddad, Simão Pedro, e o encaminhou, “como rotina” segundo suas declarações, para a PF em São Paulo.
Um relatório assim, sem assinatura de um responsável, entregue por um parlamentar petista diretamente não ao Ministro de Estado, mas ao seu companheiro de partido que exerce, no momento, uma função pública de alta relevância transforma-se, sem maiores cautelas do companheiro/ministro, em um documento ( que faria parte de uma investigação e um inquérito sigilosos ), divulgado com espalhafato pelos meios de comunicação, atingindo a honra e a reputação de várias pessoas e criando uma nuvem da suspeição sobre os governos do PSDB em São Paulo.
Que o deputado petista seja leviano, não nos surpreende. Levar adiante um documento sem origem comprovada só pode ser tarefa de um leviano, com têm sido muitos deles no correr dos tempos. Mas que um Ministro de Estado o faça, permitindo que pessoas sejam difamadas e caluniadas, chega a ser criminoso. Prevaleceu o interesse político acima das suas responsabilidades de dirigente de Estado. Vai ganhar uma medalha do Lula. E da Dilma.
Já exerci diversas funções públicas: deputado, secretário, ministro, vice governador e governador. Já recebi denúncias de vários tipos, mas só as encaminhei após a identificação e a responsabilização do denunciante. De resto seria, como é, leviandade, irresponsabilidade e crime. Quem os comete não pode exercer qualquer função pública.