Ney Vilela *
Os erros de política ambiental, cometidos pelo Governo Lula da Silva, começaram com a escolha de uma militante ambientalista criacionista para o cargo: Marina Silva acredita que não existe evolução das espécies e que todo o universo foi construído em uma semana, há aproximadamente seis mil anos. Isso explica o seu preservacionismo histérico e a sua ojeriza ao uso de transgênicos. Resulta dessa visão fanática a impossibilidade de perceber que transgênicos reduzem o uso de herbicidas. Uniram-se à Marina Silva todos os que detestam que uma empresa multinacional tenha lucros: ao invés de brigar com a Monsanto, mais funcional seria produzir um herbicida genérico que escapasse ao domínio da empresa.
Marina Silva (e o seu sucessor, o Carlos Minc…) elegeu a agroindústria como o grande vilão ecológico. Mas quem mais causa dano à cobertura florestal é o empresário citadino, que grila terras com o objetivo de utilizá-la como reserva de valor, caucionado empréstimos bancários.
De resto, os problemas ambientais mais terríveis, estão nas cidades: com o rápido processo de urbanização do Brasil no século passado, as cidades cresceram sem planejamento urbanístico, visto como preocupação cosmética por administradores obreiros.
São Paulo tinha as suas marginais que inundavam todos os anos, problema que diminuiu bastante a partir do governo Mário Covas. O Rio padece em todos os verões. As moradias em encostas em Belo Horizonte também. Até as tesourinhas do Plano Piloto de Brasília, aquelas passagens de nível que parecem autorama, são armadilhas em tempos de chuva isso numa cidade com 50 anos e que foi supostamente bem planejada. Todas as grandes cidades brasileiras sofrem com bueiros entupidos. Ligações clandestinas na rede de esgoto são uma mania nacional, não só dos pobres. Em Brasília, há construções de classe média alta jogando esgoto no Lago Paranoá.
O que Marina Silva (ou Carlos Minc) fizeram para enfrentar o problema” Nada!
Santa Catarina foi inundada em 2008. Choveu muito, ao mesmo tempo em que a maré subiu” Verdade, mas também é verdade que choveu mais em 2004, em 2009 e em 1998. O que não se fala é que se duplicou uma rodovia federal, sem preocupações maiores com drenagem dos terrenos circunvizinhos, o que a transformou num perigoso (e mortal) dique. Não se fala que as encostas que emolduram as belas cidades catarinenses foram invadidas por construções irregulares não só de peixinhos, mas também dos tubarões.
No litoral de Santa Catarina e do Rio de Janeiro, belas casas de veraneio foram construídas onde é proibido. De vez em quando a natureza se vinga e extirpa, com um desabamento pouco refinado, a vida de algumas figurinhas carimbadas das colunas sociais. Mas ninguém fiscaliza essas regiões paradisíacas” Não é atribuição federal, da Marinha”
As chuvas que caíram no Rio de Janeiro, no verão 2009-2010, não estão entre as cinco maiores da história pluviométrica estadual. As duas centenas de mortes ocorreram porque milhares de barracos foram construídos em lugar impróprio. Num país com as carências do Brasil, o sujeito que tem um barracão no alto do morro está bem melhor do que aquele que dorme na sarjeta. Mas não passou da hora de se olhar com carinho para a construção de moradias populares, ao invés de se fazer propaganda à custa dos sonhos dessa gente simples e trabalhadora”
Em Alagoas e Pernambuco, as chuvas não são maiores do que as médias dos últimos vinte anos. Mas as pontes das estradas não recebem manutenção há alguns anos. Nem os açudes. Caíram umas, rebentaram outros. Por a culpa em São Pedro” Ou no Aldo Rebelo (e seu inacreditável Código Florestal), na Marina Silva, no Carlos Minc, e numa plêiade de prefeitos e governadores”