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A saúde municipal está doente

Quando questionado, ainda em campanha, sobre os convênios feitos com organizações sociais no sistema de saúde de São Paulo, o prefeito Fernando Haddad chegou a dizer: “quem tem de administrar os hospitais é o próprio poder público”. A negativa da população foi imediata. Tanto que não tardou para mudar seu discurso, passando a dizer que não, não acabaria com as parcerias.

Ao longo de seu primeiro ano à frente da administração municipal, Haddad pouco fez pela saúde. Um dos carros-chefe de seu programa de governo, a Rede Hora Certa minguou. Dos cinco postos físicos prometidos para 2013, apenas uma unidade móvel, montada no pátio de um hospital de Ermelino Matarazzo.

A falta de comprometimento do prefeito com a área salta aos olhos. No mês de outubro, médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e até recepcionistas de 27 AMAs da cidade realizaram uma greve de cinco dias alegando atrasos no pagamento. Já na semana passada, uma reportagem do jornal Diário de São Paulo denunciava a falta de remédios nas Assistências Médicas Ambulatoriais.

Um aposentado de 62 anos afirmou ter recorrido a três unidades em busca de dois medicamentos para controlar a pressão. Não encontrou em nenhuma delas. Em outro caso, um remédio para tratamento do colesterol foi buscado, sem sucesso, em quatro AMAs da Zona Leste. Ficou constatada ainda a falta de medicamentos para asma, rinite, infecção urinária e antialérgicos.

Na gestão do “homem novo do PT”, o drama da saúde pública continua com cara de novela antiga. Segundo dados da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, no mês de junho os pedidos de pessoas à espera de uma primeira consulta no Sistema Único de Saúde passava dos 365 mil.

Uma consulta com um neurologista pode demorar 248 dias. Ser atendido por um oftamologista leva até cinco meses. E tamanha espera não significa um serviço de qualidade. Não raramente, pacientes reclamam da falta de cordialidade dos médicos.

Na lista de falhas do atual sistema de saúde do município está também a fila de espera por uma prótese dentária. Hoje, uma pessoa leva em média seis anos (isso mesmo, seis anos!) para conseguir consegui-la.

Para denunciar problemas como os citados, protocolei um projeto de lei que prevê a instalação de um telefone com linha direta com a Ouvidoria da Saúde em todos os equipamentos públicos municipais. Aprovado em 1ª votação na Câmara, este ainda deve passar por nova apreciação dos vereadores. Mediante aval, a proposta segue para sanção do prefeito Haddad.

Colocar a culpa em gestões anteriores, sob o argumento de “herança maldita” não é o suficiente. Infelizmente, a saúde da população de São Paulo tende a ser encarada como moeda de troca nas expectativas políticas do PT.

Foi assim na promessa de Haddad a respeito da garantia de recursos federais e pelo andar da carruagem deve ser assim em 2014 na disputa pelo governo estadual. Não se deixe enganar!

Como todos sabem, os governos do PSDB são campeões na criação de leitos de hospitais. Somente nos últimos anos, sob o comando de Geraldo Alckmin, foram entregues três novos hospitais, 14 AMEs (Ambulatórios Médicos de Especialidades) e pela implantação das parcerias público-privadas. A isso somam-se a implantação da Rede Hebe Camargo de Combate ao Câncer, o advento do prontuário eletrônico aos pacientes das unidades estaduais de saúde e o aporte de recursos que superam R$ 600 milhões aos hospitais da administração direta.

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