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Advogados associam Maluf a contas milionárias em Jersey

Documentos que fazem parte do processo em que a Prefeitura de São Paulo tenta recuperar milhões de dólares que teriam sido desviados pelo deputado Paulo Maluf (PP-SP) para fora do Brasil reforçam as suspeitas de que o dinheiro é dele mesmo.

Maluf sempre negou ter ligações com as empresas que controlam esses recursos na ilha de Jersey, um paraíso fiscal britânico. Mas os advogados dessas empresas mencionam o deputado e seu filho, o empresário Flávio Maluf, como os principais interessados no destino do dinheiro.

Promotor diz haver provas de remessas de Maluf para Jersey

A Folha teve acesso a esses documentos ontem em Jersey. O jornal “O Estado de S. Paulo” revelou parte do conteúdo dos papeis ontem.

Segundo os documentos, os advogados das empresas informaram à Justiça de Jersey que parte do dinheiro que movimentaram tem como origem um negócio que Maluf teria intermediado, a aquisição da Enterpa Ambiental pelo grupo argentino Macri.

Maluf teria recebido comissões por sua participação no negócio, que foi concluído no início de 1998, mesmo sem ter contrato assinado com nenhuma das partes envolvidas, segundo os advogados.

Na época em que o negócio foi feito, Maluf tinha acabado de deixar a Prefeitura de São Paulo e estava sem mandato. A Enterpa foi uma das empresas responsáveis pela coleta de lixo na cidade durante a gestão de Maluf.

A Corte Real de Jersey encerrou nesta semana as audiências do processo em que a Prefeitura tenta recuperar o dinheiro associado a Maluf. Espera-se que o tribunal leve até três meses para anunciar sua decisão. Depois, será possível recorrer contra a sentença a uma corte de apelação.

A Prefeitura e o Ministério Público de São Paulo sustentam que o dinheiro em Jersey tem como origem desvios que teriam ocorrido durante a construção da avenida Água Espraiada (atual Jornalista Roberto Marinho), uma das principais obras de Maluf.

Documento em que a defesa da Durant relata pagamento de comissões ao ex-prefeito Paulo Maluf
Em novembro de 2010, os advogados das empresas que controlam o dinheiro em Jersey informaram à Justiça que parte dos recursos tinha relação com negócios particulares de Maluf.

De acordo com os documentos da causa, os advogados também apontaram Flávio como um dos diretores da Durant International e da Sun Diamond, duas das empresas que administram o dinheiro depositado em Jersey.

Durante o processo, os advogados chegaram a dizer que o próprio Maluf tinha “interesse direto ou indireto” na Durant e em outra empresa, a Kildare, mas depois negaram tal fato e citaram apenas Flávio.

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