A crise hídrica que atinge São Paulo e os demais estados do Sudeste e Nordeste brasileiros tem suscitado uma série de debates, mas também muito “achismo” e um tanto de oportunismo político. Por acreditar na seriedade do momento e do tema, é necessário manter o foco nas questões técnicas e deixar de lado as paixões político-partidárias. Falar em racionamento pura e simplesmente, como fez o ex-deputado federal Guilherme Campos (PSD) em seu artigo “Um aniversário triste” é fugir desta proposta de debate.
São Paulo não enfrenta um racionamento hoje porque, além do transtorno que traria à população, tecnicamente, não traria economia tão eficiente quanto a que já foi obtida com as diversas medidas adotadas pela Sabesp e pelo Governo de SP, como obras emergenciais para aumentar a produção de água, o inédito sistema de bônus para quem economiza água, transferência de sistemas para diminuir as pessoas atendidas pelo Cantareira, entre outras.
Até hoje, com as ações implementadas pelo governo e o esforço da grande maioria dos paulistas, a economia de água na Região Metropolitana de São Paulo é equivalente a um racionamento de um dia com água e dois dias sem. Com isso, a Sabesp conseguiu reduzir a retirada de água do sistema Cantareira de 33 m3/s para 14,2 m3/s.
A instituição do bônus para quem economiza água, aplicado a partir de fevereiro do ano passado, conseguiu uma economia de aproximadamente 100 bilhões de litros de água, o que equivale a um terço de toda a água que é retirada atualmente do sistema Cantareira.
Além das obras emergenciais, o governo de São Paulo também está investindo em obras de médio e longo prazo para aumentar a segurança hídrica no estado. Bons exemplos disso são a PPP do São Lourenço, um novo sistema produtor de água que vai trazer mais 4,7 m3/s para a Região Metropolitana de São Paulo, e a interligação do Sistema Cantareira com a Bacia do Rio Paraíba do Sul, aumentando a capacidade de reservação de água na macrometrópole.
O Governo do Estado tem agido com total transparência. No início do mês criou o Comitê de Crise Hídrica da região metropolitana de São Paulo, que conta com a participação de diversos órgãos públicos e entidades da sociedade civil. O objetivo do comitê é integrar todos os setores e aprofundar o diálogo sobre a atual crise hídrica.
São Paulo não parou à espera das chuvas e está trabalhando para garantir o abastecimento da população. As chuvas de fevereiro vieram em quantidade e já fizeram com que os reservatórios subissem. Apesar disso, ainda estamos distantes do fim da crise.
A decisão de decretar o racionamento de água ou manter as atuais medidas de contenção é técnica e será tomada pelo Governo e pela Sabesp no momento adequado se necessário, com total transparência e respeito ao cidadão como tem sido feito desde o início desta crise.
A hora é de união, de economia e de bom senso.