O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), concedeu entrevista a rádio Jornal de Pernambuco nesta terça-feira (25/7) e defendeu um programa nacional de infraestrutura como um caminho para a recuperação dos empregos no Brasil. “Temos que focar na retomada no emprego e, para isso, seria muito importante um grande programa de infraestrutura, de logística. É a construção civil que gera muitos empregos: ferrovias, água, esgoto, rodovias, moradias, sem esquecer da exportação e do estímulo ao crédito para a atividade produtiva”, ressaltou o tucano.
O governador disse que não aprova o caminho encontrado pelo governo de Michel Temer de decidir pela alta de impostos para enfrentar o problema do déficit nas contas públicas. Mas, frisou, a grave crise pela qual passa o país é herança dos governo do PT que “perderam totalmente o controle”. “Claro que não é bom (aumentar impostos). Deveria ter feito a lição de casa que é cortar o supérfluo, reduzir gastos, do que simplesmente transferir ao contribuinte. Mas muitos dos problemas foram herdados do governo anterior (do PT) que perdeu totalmente o controle. De um lado foi fazendo desonerações e do outro aumentando o gasto, levando o Brasil a essa situação gravíssima que não vejo desde a década de 70 quando fui prefeito”.
Abaixo, íntegra da entrevista:
PARCERIA COM PERNAMBUCO
Nós passamos uma seca também muito forte em São Paulo, em 2014, especialmente na região metropolitana. Na ocasião, adquirimos superbombas para tirar água do chamado volume morto. Como o trabalho está resolvido, encaminhamos a Pernambuco equipamentos para serem instalados na transposição do São Francisco, no canal leste. Nós queremos ajudar. Outra boa parceria com Pernambuco é a da pesquisa da dengue. Estamos produzindo uma vacina, já em fase de teste, contra os quatro tipos de vírus da dengue. Será a primeira do mundo.
ALIANÇA COM O DEM
Periodicamente temos feito encontros. O Democratas é parceiro antigo do PSDB. Foi uma grande alegria receber (nesta segunda-feira, 24) o presidente da Câmara, Rodrigo Maia; o presidente do partido, José Agripino; o ministro de Pernambuco (Educação), Mendonça Filho; e o ACM Neto, prefeito de Salvador.
ALTA DE IMPOSTOS
O governo não pode conviver com déficit público. É como uma família que gasta mais do que arrecada. Vai se endividando até que chega uma hora que não tem mais crédito. A mesma coisa é o governo que este ano vai gastar a mais do que arrecada R$ 139 bilhões. Deve 72% do PIB, o que dá mais de R$ 4 trilhões. Há obras paradas por todos os lados, por falta de investimentos. Por conta dessa dívida é que está aumentando impostos. Do contrário essa dívida iria para mais de R$ 150 bilhões. Claro que não é bom. Deveria ter feito antes a lição de casa que é cortar o supérfluo, reduzir gastos, do que simplesmente transferir ao contribuinte. Por outro lado, muitos dos problemas foram herdados do governo anterior (do PT) que perdeu totalmente o controle. De um lado foi fazendo desonerações e do outro aumentando o gasto, levando o Brasil a essa situação gravíssima que não vejo desde a década de 70 quando fui prefeito.
DILMA E LULA
A situação (do Brasil) se agravou no governo da presidente Dilma. Agora, os governos Lula e Dilma são inseparáveis porque não existiria a Dilma sem o Lula. Mas o fato é que chegamos a essa situação e o caminho agora é buscar saídas, retomar o emprego e a atividade econômica. Nesse caminho, eu destacaria a questão da infraestrutura que gera muitos empregos: ferrovia, água, esgoto, rodovia, moradia…Uma alternativa que considero importante seria um grande programa de obras de infraestrutura. Isso diminuiria o desemprego e melhoraria a renda.
CANDIDATO EM 2018
A escolha não é agora. Defendo que não seja de última hora. Tudo que é improvisado acaba não sendo bem feito. Quem for escolhido (para ser o candidato do PSDB em 2018) deve ser ainda este ano para percorrer o Brasil e verificar a realidade, os problemas da água, por exemplo, que é central e não apenas no Nordeste mas em outras regiões; a questão da retomada do emprego, da infraestrutura, da saúde que é gravíssima, da segurança pública. Então quem for escolhido precisa ter um bom programa, conversar com a população, se aproximar mais dos problemas, enfim, fazer o que precisa ser feito. O João Doria já declarou que não disputará a primária partidária. Eu sempre defendo democracia dentro de casa. Ou seja, eu sempre defendo prévias. Quanto mais e amplia as escolhas, mais se acerta.
PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV)
É um caminho. Melhor do que aumentar impostos. E o PDV não obriga ninguém a sair. Na realidade, se oferece estímulos para aqueles que têm outra oportunidade possam fazê-lo. Agora acho que temos que focar na retomada no emprego e para isso seria muito importante um grande programa de infraestrutura, de logística, exportação, estimular o crédito para a atividade produtiva…
LULA CONDENADO
Nenhum cristão deve se alegrar com os dramas de outras pessoas. Então, não me alegra nada disso. Por outro lado, é importante que o país tenha instituições fortes, que as investigações ocorram, que os inocentes sejam inocentados, os culpados punidos. Nesse sentido, o Brasil está dando um exemplo através da Lava Jato. As instituições estão cumprindo seu papel sem qualquer impedimento. Em relação a mim, não há nenhuma denúncia formal, não há citação. Todas as minhas campanhas foram estritamente franciscanas, no sentido de menos gastos, e tenho uma vida pública que depois de 40 anos meu patrimônio é que herdei de minha família. Eu ouvia do meu pai: ‘Se quiser fazer política é dedicação, coragem moral e vida pessoal modesta. Ficou rico é ladrão’. Eu tenho vida pessoal modestíssima.
APOSENTADORIA DE LULA
Imagina se um cidadão, seja de qualquer área, consegue acumular 9 milhões só em previdência privada. Mas, enfim, não sou eu que devo dar essas explicações. O importante é que se faça justiça. É isso que a sociedade espera e a população não é boba. Ela sabe separar as coisas. O Mário Covas dizia: ‘o povo erra menos que as elites’. É um grande erro subestimar a inteligência das pessoas. Sou um democrata e confio muito na capacidade de escolha das pessoas. O que a população precisa é ter todas as informações.