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Alvaro Dias critica Lula por sistema que originou mensalão

Alvaro Dias, Líder do PSDB no Senado

Brasília – “Não pode ser aplaudido o governo que adota a prática do balcão de negócios em nome da governabilidade. Creio ser possível sim, governar o país sem instalar um balcão de negócios.” A afirmação foi feita pelo Líder do PSDB, senador Alvaro Dias, em entrevista ao site “Brasil Decide”. Na entrevista, o senador tucano critica a política econômica do governo Dilma (“O Brasil continua gastando o patrimônio acumulado pelo Plano Real. Nenhum passo à frente. As reformas prometidas não foram realizadas e a consequência é o desperdício de oportunidades”), fala sobre CPI do caso Cachoeira (“A CPI abdicou da sua responsabilidade de investigar a empresa Delta e coadjuvantes, agentes públicos e privados partícipes de monumental esquema de corrupção”), e afirma ainda que o governo Lula prestou um desserviço ao País ao banalizar a corrupção (“implantou sistema promíscuo na relação do executivo com o legislativo e partidos políticos, dando origem ao mensalão”).

Na entrevista, o senador tucano fala ainda sobre royalties do petróleo, desarmamento, governo FHC (“foi o governo da mudança real”), Lei Seca, reformas no Congresso e política nacional e regional. Leia abaixo a entrevista na íntegra.

Brasil Decide – O que o senador acha da atual política econômica do governo Dilma?

Alvaro Dias – O Brasil continua gastando o patrimônio acumulado pelo Plano Real. Nenhum passo à frente. As reformas prometidas não foram realizadas e a consequência é o desperdício de oportunidades. Durante o período de crescimento expressivo da econômica mundial crescemos bem menos do que deveríamos e agora nos últimos dois anos figuramos em último lugar no ranking do crescimento econômico dos países da América Latina. Esse desempenho é a condenação da atual política econômica.

Brasil Decide – Para o senador por quê a reforma política não anda no congresso?

AD – Vivemos sob a égide do presidencialismo forte. Com ele, as reformas importantes só podem ocorrer com o interesse e participação do Poder Executivo. A Presidência da Republica, apoiada por maioria desproporcional, elege o comando do Legislativo e impõe sua agenda, definindo prioridades. A reforma política, matriz das demais, só ocorrerá nesse sistema, quando a presidência da República assumir a responsabilidade de liderar o processo.

Brasil Decide – Qual sua opinião sobre os royalties do Pré-sal e essa polêmica sobre o veto da presidente?

AD – A polêmica dos royalties do petróleo é alimentada pelo desejo das unidades federativas de rediscutir o sistema federativo marcado pelo desequilíbrio distributivo crescente. Desde a Constituição de 88, encargos são repassados a Estados e Municípios, sem a contrapartida de recursos para atender as novas demandas. A concentração nos cofres da União é descomunal, e promove a injustiça que revoltam especialmente administradores municipais. Cerca de 56% da receita nacional é oriunda das contribuições sociais, que não se contabiliza na formação do Fundo de Participação dos Estados e Municípios. A perspectiva de transferir recursos dos royalties une lideranças políticas de 24 estados, que aproveitam a oportunidade para a busca de um novo pacto federativo, isso nos leva a prever a derrubada do veto presidencial por larga margem de votos no Congresso.

Brasil Decide – O que achou do final da CPI do Cachoeira?

AD – A morte anunciada. Desde a primeira semana dos trabalhos, anunciei que apresentaríamos relatório paralelo, e votaríamos contra o voto do relator Odair Cunha (PT). Foi o que fizemos. O relatório “chapa branca”, aproveitou-se do trabalho já realizado pela Policia Federal e autoridades judiciárias, mas não avançou para alcançar os tentáculos da organização criminosa na esfera pública além das fronteiras do Centro-Oeste. Limitou-se a “chover no molhado”, repetindo a solicitação de indiciamentos já consumados ou em curso no Ministério Público. A CPI abdicou da sua responsabilidade de investigar a empresa Delta e coadjuvantes, agentes públicos e privados partícipes de monumental esquema de corrupção. Aprovar esse relatório oficial seria absolver responsáveis pelo desvio de milhões de reais dos cofres públicos, o rejeitamos e apresentamos à CPI e Procuradoria Geral da República nosso relatório de mais de 900 páginas apontando caminhos para a continuidade das investigações. O que a CPI não fez, esperamos possa ser feito pelo Ministério Público Federal.

Brasil Decide – O senador é contra ou a favor da legalização da maconha?

AD – Sou contra a legalização da maconha. Não evoluímos o suficiente para providência dessa natureza.

Brasil Decide – E sobre o desarmamento?

AD – Creio que a legislação atual atende as necessidades. A violência cresce assustadoramente, não só, mas também, pela ausência da autoridade constituída.

Brasil Decide – O que acha da Lei seca?

AD – Sem dúvida necessária. Espera-se que possa contribuir também para a mudança de comportamento de todos nós condutores de veículos.

Brasil Decide – O que achou da vitória do prefeito eleito de Curitiba Gustavo Fruet?

AD – A lógica prevaleceu. Pela sua historia e postura política conhecida e reconhecida, era o favorito antes das eleições, e as urnas confirmaram a preferência popular.

Brasil Decide – O que está achando do Governo Beto Richa?

AD – Eu poderia responder essa pergunta com ironia: Quando souber da sua posse, me avise, por favor. Quem sabe possa dela participar? Prefiro, no entanto com responsabilidade afirmar que não posso apoiar no Paraná o que condeno em Brasília. O sistema promíscuo de aparelhamento, foi transplantado para o Estado, e as consequências não poderiam ser outras: Negociação, cooptação política, limitação do espaço da oposição e resultados pífios.

Brasil Decide – O que está achando do governo Dilma?

AD – Mantém o sistema instituído pelo seu patrono e antecessor. O aparelhamento do Estado com o loteamento dos cargos, fez crescer a estrutura da administração, estabelecendo paralelismos e superposição de ações, elevando os gastos correntes e limitando a capacidade de investimentos produtivos. As pesquisas qualitativas, sobretudo, revelam a condenação do desempenho do governo em todos os setores, especialmente os essenciais, como saúde, educação e segurança pública. A popularidade de Dilma destacada por essas pesquisas contrasta com a condenação das ações administrativas em praticamente todos os setores, esse sistema vigente esgota a capacidade financeira do Estado, e compromete a qualidade dos serviços prestados. Não pode ser aplaudido o governo que adota a prática do balcão de negócios em nome da governabilidade. Creio ser possível sim, governar o país, sem instalar um balcão de negócios.

Brasil Decide – O que achou do governo Lula?

AD – Surfou nas ondas tranquilas do extraordinário momento da economia mundial até quase o final de suas duas gestões, e apropriou-se dos feitos de antecessores que plantaram os pressupostos básicos da estabilidade econômica e redução da pobreza. Não deu o passo adiante, desperdiçou oportunidades que não voltam, não realizou as reformas que possibilitariam um novo salto de desenvolvimento, e com isso inibiu o processo de crescimento do país. O maior desserviço prestado foi a banalização da corrupção com a implantação do sistema promíscuo na relação do executivo com o legislativo e partidos políticos, dando origem ao mensalão. Agora condenado pelo Supremo, o sistema sobrevive ao julgamento histórico e continua como fábrica de escândalos.

Brasil Decide – O que achou do governo FHC, e para o senador, o que o PSDB precisa fazer para voltar a ganhar uma eleição presidencial?

AD – Foi o governo da mudança real. Não só destruiu o monstro da inflação que os mais jovens não conheceram. Como mudou o conceito de economia. O Real foi mais do que um plano econômico. Um patrimônio adquirido pela sociedade brasileira. Naquele período se constituíram da estabilidade econômica, sustentabilidade financeira, responsabilidade fiscal e recuperação da competitividade da economia. Obviamente existiram desvios e falhas, mas não há como ignorar a importância histórica do governo FHC. Não sei se para voltar ao poder, mas em respeito ao compromisso com o eleitor, cabe ao PSDB fazer oposição com competência, ou seja, para valer!

Assessoria de Comunicação da Liderança do PSDB no Senado, com informações do site Brasil Decide

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