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“Mesmo quem não é economista comenta em qualquer esquina: a inflação voltou e já impõe danos ao orçamento das famílias. O governo Dilma, por sua vez, não marcha unido para combater a alta de preços”. Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), esta é a conclusão a que se chega ao se verificar, de um lado, as crescentes pressões inflacionárias demonstradas por índices divulgados a cada semana, e do outro, a falta de coesão do governo Dilma na condução da política econômica.
No Plenário, na sessão desta segunda-feira (1º), o senador destacou o recente desencontro entre declarações da presidente Dilma e de outras autoridades do governo, que expõem a falta de unidade interna em relação aos rumos da política macroeconômica. Como lembrou o tucano, na última semana, a presidente da República foi a público, em Durban, para declarar que as linhas de combate à inflação não estavam alinhadas com o Banco Central. Da África do Sul, onde participava da reunião dos Brics, ela afirmou que a escalada da inflação é proveniente de choques externos e que seu governo não irá adotar nenhuma política que sacrifique o crescimento econômico e o emprego.
A repercussão do completo desencontro entre a fala da presidente e a estratégia do BC de combate à inflação obrigou a um desmentido formal, no qual Dilma denunciou “manipulação da notícia”. Como lembrou o senador Alvaro Dias, mais do que depressa, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reafirmou que “não há tolerância em relação à inflação”.
Alvaro Dias registrou que o diagnóstico feito pelo Banco Central sobre as causas da inflação, conforme explicitado nas atas do Copom e no “Relatório de Inflação” da instituição, “colidem frontalmente com a primeira visão de Dilma manifesta em Durban”. O senador destacou que para o Banco Central, as causas internas prevalecem às externas para justificar o patamar superior a 6% da inflação no período de 12 meses.
“É fundamental destacar que o Banco Central tem feito verdadeira profissão de fé para convencer que não existe qualquer incompatibilidade entre o arsenal utilizado para combater a inflação e o cenário propício para o crescimento econômico. A propósito, no parágrafo 32 da mais recente Ata do Copom, está dito que taxas de inflação elevadas reduzem o potencial de crescimento da economia, bem como de empregos e de renda”, observou o senador Alvaro Dias.
Para o senador do PSDB do Paraná, além de haver diversos complicadores na condução da economia brasileira, a presidente Dilma compromete a imagem do País no cenário internacional ao disseminar a ideia de que não advoga a tese da “tolerância zero” com a inflação.
“Lamentavelmente, o governo não adota a estratégia de tolerância zero em relação à corrupção, e muito menos quanto ao combate à inflação”, destacou.