No dia seguinte à Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, prender o doleiro Alberto Youssef, o representante do laboratório do doleiro em Brasília, Marcus Cezar Ferreira de Moura, reuniu-se no Ministério da Saúde com o diretor do Departamento do Complexo Industrial e de Inovação em Saúde, Eduardo Jorge Valadares. A Lava-Jato foi deflagrada em 17 de março, quando houve 18 prisões preventivas, entre elas a de Youssef. No dia 18, Moura foi recebido pelo diretor do ministério.
As informações estão no O Globo desta quarta-feira (30).
Moura representava a Labogen S/A Química Fina e Biotecnologia, usada pelo doleiro para lavar dinheiro, conforme a investigação da PF. A polícia apura se o lobista foi indicado para o laboratório pelo ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-candidato do PT ao governo de São Paulo. A suspeita se baseia numa troca de mensagens entre o deputado paranaense André Vargas, que se desfiliou do PT semana passada, e Youssef.
Moura é ex-servidor do Ministério da Saúde, onde exerceu o cargo de coordenador de Promoção e Eventos entre maio e agosto de 2011. A nomeação foi feita por Padilha. Dois anos e meio depois, um relatório da PF relacionado à Operação Lava- Jato transcreve uma conversa por mensagens entre Vargas e Youssef. O deputado diz ter encontrado o executivo para a Labogen e afirma que “foi o Padilha quem indicou”. A referência era ao ex-servidor do ministério, que começou a trabalhar como representante do laboratório em Brasília a partir de dezembro. Tanto Vargas quanto Padilha negaram a indicação.
Segundo o Ministério da Saúde, o encontro de Moura com Eduardo Jorge, no dia seguinte à Lava-Jato, ocorreu sem qualquer registro na portaria da pasta. Esta não foi a primeira vez do representante da Labogen no prédio. Os registros da portaria apontam duas visitas: a primeira em 11 de fevereiro, e a segunda em 26 de fevereiro. Sobre a primeira visita, o Ministério da Saúde diz não ter conseguido mapear o destino do lobista da Labogen. No dia 26, ele esteve com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Carlos Augusto Gadelha.