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As elites, sempre elas

Até agora, de tudo o que foi divulgado sobre os desagravos de setores do PT contra o desfecho do mensalão, ficou claro quem são os alvos preferenciais: o Supremo Tribunal Federal, na figura de seu presidente, ministro Joaquim Barbosa; a grande imprensa, principalmente jornais e tevês; e as “elites”.

Em relação ao STF, o que dizer? As decisões da corte são colegiadas. A maioria dos ministros foi escolhida por Lula e Dilma, todos devidamente sabatinados e endossados pelo Senado. Sobre a mídia, as críticas se dividem: ora reclamam dos recortes tendenciosos, ora da cobertura ao vivo, que impede qualquer edição.

O que não se entende é a fixação do PT com essa entidade amorfa e onipresente, algo maquiavélica e certamente diabólica, a que chamam “elite”. Não há circunstância que não seja resultado das velhacarias da elite, que vive por conta de assombrar os meninos bonzinhos do governo popular.

Se os banqueiros encheram as burras nos governos do PT, pouco importa: dessa elite eles gostam muito. Que romarias de empresários façam fila na porta do Instituto Lula ou que o ex-presidente tenha virado agente internacional dos capitalistas brasileiros, sem problemas. Essas são as elites boazinhas. As malvadas são as que não gostam do PT.

Enquanto o governo Dilma caminha para terminar com “reforma agrária zero”, Katia Abreu, antes belzebu do agronegócio, aderiu ao governo e se mandou para a turma dos ricos do bem. Melhor nem falar da tal “elite” política. Esta, historicamente satanizada pelo PT, hoje virou gente de fina estampa. Elite da boa, velhos amigos.

Considerando os desagravos do PT, parece que há nas ruas uma enorme pressão popular a favor dos condenados do mensalão — sufocada por quem quer que seja. Mas não há nada que sequer se aproxime disso no país. A maioria esmagadora da população, o povão, aplaudiu o desfecho. Apoiou.

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