Há uma perigosa letargia política no nosso País. O debate deixou de existir. As ideias, portanto, vão ficando em segundo plano. Com uma administração distribuidora de benesses, o governo Lula calou a boca de segmentos importantes para a efetivação da democracia, que não pode dispensar diálogo constante.
Distribuiu bolsa família, bolsa para o empresariado. Lula também deu um cala boca na classe sindical, deixando o trabalhador e seus direitos sem maiores possibilidades de reivindicar.
Em suma, Lula encheu a barriga do pobre e o bolso do rico. E, nessa equação, atingiu seu grau de popularidade. Ninguém mais sai às ruas expondo suas necessidades. Ninguém mais debate. O Brasil deixou de pensar.
Ao contrário do que muita gente pensa, democracia não é consenso, mas atrito. São propostas por vezes diametralmente opostas que, por meio do diálogo permanente, acabam devidamente buriladas e condensadas.
Dentro desse panorama, o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, que tenho a honra de presidir, tomou a iniciativa, pioneira, de implantar a filosofia do sindicato cidadão.
Entidades representativas de uma categoria não devem lutar apenas por melhores salários. Sua atuação precisa envolver aspectos sociais e comunitários, exercendo papel de intermediação entre a população e os poderes públicos na resolução de problemas comunitários (água, luz, esgoto, educação, saúde, infraestrutura etc.).
Agindo assim, o Sindicato serve à sociedade e ajuda na atuação de prefeituras e governos.
A metodologia, que deveria ser abraçada pelo conjunto das lideranças sindicais, tem estatuto. O Sindicato Cidadão tem por objetivos assistir e orientar os trabalhadores sobre segurança no trabalho, saúde, meio ambiente, esporte, lazer, defesa do consumidor, cultura popular, etc, e lutar pela defesa das liberdades individuais e coletivas, pela justiça social e pelos direitos fundamentais do ser humano.
Trata-se, portanto, de uma atividade cívica, exercida dentro de uma política social, democrática e participativa.
Antonio de Sousa Ramalho é deputado estadual, secretário Nacional de Relações Sindicais e presidente do Núcleo Sindical Nacional do PSDB, além de presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo e Vice-Presidente da Executiva Nacional da Força Sindical.