Ato que cria CPI da Bancoop é publicado no Diário Oficial. Líderes partidários da Assembleia Legislativa paulista terão 15 dias para indicar os integrantes da Comissão
Bruno Siffredi, do estadao.com.br
O ato assinado na terça-feira, 9, pelo presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Barros Munhoz, que autoriza a instalação de três Comissões Parlamentares de Inquérito, entre elas a que investigará as denúncias de desvio de recursos da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), foi publicado nesta quarta-feira, 10, no Diário Oficial. A partir da publicação, os líderes partidários têm 15 dias para indicar os integrantes das comissões.
A CPI da Bancoop vai investigar denúncias da existência de um esquema de desvio de dinheiro da Bancoop para campanhas eleitorais do PT, envolvendo o atual tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, que presidiu a cooperativa até fevereiro deste ano. O requerimento pedindo a criação da CPI havia sido apresentada pelo deputado Samuel Moreira em outubro de 2008. O grupo de trabalho será composto de acordo com o princípio da proporcionalidade. Pela tradição da Casa, o próprio proponente da CPI, Samuel Moreira, deve presidi-la. Só depois dessas definições será marcada a primeira reunião de trabalho do grupo.
Além da CPI da Bancoop, o ato também autoriza a criação de comissão que vai apurar a extensão da prática de pedofilia no Estado, cuja proposta foi apresentada pelo deputado José Bruno (DEM), e outra que vai investigar o repasse aos garçons das taxas de serviço cobradas por bares e restaurantes, proposta pela deputada Maria Lúcia Amary (PSDB).
Investigação
Fundada em 1996 por um grupo do PT, a Bancoop sofre uma devassa da 1ª Promotoria Criminal da capital. Segundo o promotor promotor de Justiça José Carlos Blat, que conduz o inquérito, o rombo pode ultrapassar R$ 100 milhões. Ele está convencido de que parte desse dinheiro foi destinada a campanhas eleitorais do PT. Outra fatia teria caído na conta de dirigentes da cooperativa. Blat requereu na sexta-feira, 5, a quebra do sigilo bancário e fiscal de Vaccari. Além disso, ele quer acesso aos dados de dois ex-diretores, Ana Maria Érnica e Tomás Edson Botelho Fraga e o bloqueio das contas da entidade.
Por sua vez, em nota publicada em seu site no último sábado, 6, a Bancoop acusou o promotor de procurar “sistematicamente a imprensa com o objetivo de fazer acusações políticas”. A cooperativa admitiu, no entanto, ter “vivido dificuldades administrativas” em 2003 e 2004, período em que Vaccari ocupou o cargo de diretor administrativo financeiro.