O governo federal está tonto, mais perdido que cachorro que caiu da mudança. Não sabe mais o que fazer diante do crescimento pífio em torno de 1% nesse ano ( eu, otimista, lá atrás falei em 1,5% ) e da inflação renitente em torno de 5,5%, apesar de todas as medidas “heróicas” tomadas. Seu projeto é um só: a reeleição da Dilma. Sua líder no Senado, Ideli Salvati, ressaltou num arroubo de honestidade tão carente entre eles, que Dilma não saiu do palanque, desde sua posse na presidência do país. É verdade, e as declarações dela diante das decisões das empresas de produção de energia elétrica de São Paulo, Minas, Paraná e Santa Catarina, mostram que a canalhice não tem limites.
A MP baixada por Dilma dizia que as empresas, para terem suas concessões prorrogadas deveriam, até o último dia 4, decidirem se preferem aderir ao novo sistema, ou continuar até o fim de seus contratos em vigor, na forma atual. Isto é, como contratos existem e têm de ser respeitados ( ainda o nosso regime é democrático, constitucional ) as empresas teriam duas alternativas: aceitar a mudança, ou ficar como está. Todas elas fizeram suas contas, a maioria aderiu às mudanças, inclusive a Eletrobrás, apesar das enormes perdas ( no caso, quem paga é o contribuinte federal ) que os seus administradores vão ter de responder perante os acionistas minoritários ( tornaram-se minoriOtários ) e perante os tribunais ( inclusive o TCU ). Mas as empresas geradoras dos quatro Estados do Sudeste e Sul, que não teriam como passar o prejuízo para o erário federal, não puderam, como não poderiam de forma nenhuma, aderir, sob pena de crime de responsabilidade. Os prejuízos seriam imensos, muito maiores do que serão – e serão, mesmo sem aderir – vultosos. Exerceram, assim, a faculdade que lhes dava a própria MP.
Ora, o mequetrefes do governo federal, achavam que a resposta dos Estados deveria ser de adesão e dane-se a opção. “Podes casar com quem quiseres, desde que seja com a Maria”, gritam eles. E agora resolvem acusar que a decisão, por serem Estados governados pelo PSDB ( esqueceram que um é pelo “new” aliado, o PSD ), foi uma decisão política, uma demonstração de “insensibilidade”.
Pois o fato é que os governadores tomam suas decisões em função dos interesses e as responsabilidades que têm diante de seu povo. Em nenhum momento o partido se envolveu, nem com qualquer simples opinião. É questão de Estado, não de partido. Pois Dilma e seus auxiliares não entendem isso. Só pensam naquilo: a eleição de 2014, e tentam tirar partido de qualquer episódio, ainda que usem para isso de falsidades e tentativas de confundir a opinião pública. Como sempre, escrúpulos zero. Só politicagem do mais baixo nível, como afirma o editorial da Folha de São Paulo de hoje.
O mais grave será a repercussão imediata e a longo prazo sobre as decisões de investidores privados. Já estamos mal na fita, com investimentos em queda, apontando para um futuro cada vez mais preocupante. O que pensarão os investidores sobre as intervenções governamentais com o sentido de imposições? Quem vai colocar seu dinheirinho com a espada de Dilma sobre o pescoço? Ainda mais ser investidor minoritário como é o seu modelo de participação privada em concessões de serviços públicos? O fato é que, com o olhar em 2014, Dilma vai pavimentando o caminho para um futuro de falta de energia elétrica, assim como, por ação ou por omissão, vai deixando a infraestrutura do país cada vez mais atrasada em relação às necessidades de nosso desenvolvimento.
Se Dilma quer baixar as tarifas, e já vem tarde, é só eliminar, por exemplo, o PIS/COFINS da energia elétrica. Querer que os Estados entrem com a grana que mal dá para pagar professores e policiais e posar de bacana na fotografia, não dá.