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Base governista enterra CPI do Cachoeira

Brasília– Após horas de discussão na CPI Mista do Cachoeira, o deputado Odair Cunha (PT-MG), relator da comissão, apresentou requerimento adiando a votação dos 505 requerimentos pautados para a sessão de hoje do colegiado. A manobra, assim como o pedido apresentado por parlamentares da base para prorrogar os trabalhos por apenas 48 dias, representou o fim da CPI, na avaliação de deputados tucanos.

O prazo inicial do colegiado é 4 de novembro. Até lá, o relatório final sobre os trabalhos deve ser lido e apreciado pelos parlamentares. O PSDB e demais partidos da oposição defendem mais 180 dias para as investigações devido aos inúmeros indícios de envolvimento de empresas parceiras do governo federal com a organização criminosa comandada por Carlos Cachoeira. No entanto, os governistas solicitaram a prorrogação até o dia 22 de dezembro, período no qual pretendem apenas apreciar o relatório. “A prorrogação por 48 dias representa enterrar a CPI, lavar as mãos em relação a ela”, criticou Vanderlei Macris (SP).

Segundo ele, importantes matérias correm o risco de não serem votadas e, ainda que aprovadas, não haverá tempo hábil para que informações solicitadas cheguem ao colegiado. É o caso das quebras de sigilo de empresas laranja ligadas à Delta e possivelmente usadas para lavar dinheiro. Os tucanos acreditam que essas matérias serão blindadas pelos governistas.

“O resultado é esse: enterraram a CPI. Não era o que a sociedade esperava, pois queria o aprofundamento das investigações, plenamente possível de ser feito, mas que o governo não deixou”, completou.

Para que a prorrogação ocorra é necessário um requerimento com 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores. Após a reunião dessa manhã, o pedido dos governistas já havia alcançado o número regimental de assinaturas. Já o documento da oposição, que prevê mais seis meses de trabalho, ainda precisava de cerca de 40 nomes, segundo o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), autor do pedido. Dessa forma, apenas os 48 dias estão garantidos.

“As nossas assinaturas continuarão a ser colhidas, mas sentimos dificuldade porque a base já orientou seus parlamentares a não assinarem”, destacou Macris. Caso o pedido da oposição consiga os apoios necessários, deve se sobrepor ao dos governistas, conforme prevê o regimento interno da Câmara.

O deputado Carlos Sampaio (SP) destacou que a CPI teve três principais linhas de investigação: o envolvimento de agentes políticos com a organização criminosa, aprofundar a apuração sobre os jogos ilícitos, e a mais importante: desvendar o braço financeiro da quadrilha. Os seis meses defendidos pela oposição seriam fundamentais para conhecer a fundo esse braço financeiro, que, segundo o tucano, passa pela construtora Delta e seus contratos com o governo federal.

De acordo com o deputado Vaz de Lima (SP), o PSDB apresentará relatório paralelo ao de Odair Cunha (PT-MG). Segundo ele, provavelmente o texto do petista não incluirá pedido de investigação por órgãos como o Ministério Público. Antes disso, o deputado afirma que será entregue pelos deputados um documento à Procuradoria Geral da República como uma espécie de antecipação do voto em separado do partido, contendo o pedido de aprofundamento.

Da Liderança do PSDB na Câmara

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