Blog Miriam Leitão
Brasil importa, porque não tem política de combustíveis
O Brasil voltou a importar gasolina após 30 anos, porque não tem uma política de combustíveis, segundo o especialista em energia, Adriano Pires. De acordo com ele, o governo tem de criar mecanismos que incentivem a formação de estoques para que o país não fique sem o combustível. Como o Globo mostrou hoje, por causa do consumo maior, a Petrobras anunciou que comprou uma carga de dois milhões de barris da Venezuela – suficiente para cerca de cinco dias, por aproximadamente US$ 140 milhões.
– Algumas perguntas ficam no ar: Por que importou o combustível, não tinha estoque” Estava com medo de que faltasse gasolina nos postos” É para ajudar a Venezuela” Como o Brasil não tem uma política nem preços relativos entre os combustíveis, fica sempre essa ciclotomia: uma hora é GNV, depois álcool e outra hora, gasolina. Não há garantias para o produtor nem para o consumidor – diz Pires.
Segundo ele, as políticas desenvolvidas para o setor são de curto prazo, feitas “à luz dos acontecimentos”.
– Não tem começo, meio e fim. Agora, por exemplo, houve a redução da Cide (tributo que incide sobre os combustíveis) para tentar conter os preços. A Petrobras controla tudo, falta uma política de combustível – defende o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Somando a redução da alíquota ao fato de que a gasolina da Venezuela é mais barata, porque o preço no mercado internacional está mais competitivo, o valor do combustível não pode subir, de acordo com o especialista.
– Não tem sentido, deveria até diminuir, porque estão importando um produto mais barato.
A demanda de gasolina deve continuar forte, considerando-se que em fevereiro foi reduzido o percentual do álcool adicionado ao combustível de 25% para 20%. O governo resolveu tomar essa medida para forçar uma redução nos preços do etanol.