O deputado Carlos Sampaio (SP) disse nesta quarta-feira (6) que a oposição está confiante na aprovação do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara. Em entrevista à Rádio Bandeirantes de Campinas, o tucano – que é vice-presidente da comissão do impeachment – afirmou que um grupo de parlamentares monitora diariamente a contagem de votos.
“Na terça-feira (5), já contávamos 352 votos favoráveis, o que são dez votos a mais do que o necessário para o impeachment. A pressão sobre os parlamentares é muito grande, ocorre no avião, nas redes sociais, nas ruas, em todos os lugares. Estamos confiantes que hoje (quarta-feira) o relatório pelo impeachment será aprovado na comissão processante e, depois, no plenário da Casa”, disse Sampaio.
Questionado sobre fala de Dilma, que, em discurso recente, sugeriu que o país correria o risco de sofrer uma convulsão social caso o impeachment seja aprovado, Sampaio afirmou que, primeiro, Dilma “não tem nem credibilidade nem conhecimento político suficiente” para fazer tal afirmação e, segundo, que a presidente diz isso para “instigar seus asseclas (UNE, MST e CUT, entre outras entidades) para irem às ruas para gerar essa sensação de mal-estar”. “O que Dilma faz é uma ameaça, não a mim ou às oposições, mas a todo o Brasil. É o estilo PT de governar”, afirmou Sampaio.
MINISTRO DO STF
Sobre a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que obriga a instauração do processo de impeachment contra o vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP), Sampaio se disse surpreso, mas disse acreditar que o plenário da Corte deverá derrubar a decisão. “Não existe, ao meu entender, a figura do impeachment do vice, exceto se o vice-presidente está no cargo de presidente. E quando ele (Mello) diz que o presidente Eduardo Cunha tem a obrigação de aceitar e levar adiante (o processo de impeachment contra Temer), ele só faz uma análise formal, nunca de mérito, ele está dizendo, por exemplo, que os 35 pedidos de impeachment contra a presidente Dilma, que foram formulados e rejeitados pelo Eduardo Cunha porque não tinham a fundamentação jurídica correta, teriam que também ser aceito s”, avaliou o tucano.
E esclareceu: “O crime de responsabilidade é o único que não é o Supremo que diz se ele ocorreu ou não, mas sim o Congresso Nacional, mais especificamente o Senado Federal”. “Quando o TCU decidiu que houve as pedaladas fiscais, uma fraude fiscal, o processo de impeachment começou na Câmara, independentemente de o TCU ter julgado, porque é uma prerrogativa do Congresso Nacional, só ele pode dizer se há ou não crime de responsabilidade. Tenho para mim que essa decisão do ministro Marco Aurélio será derrubada pelo plenário do STF, porque é, evidentemente, uma ingerência no Poder Legislativo”, concluiu.
PEDALADAS
Sobre as pedaladas no governo Dilma, principal argumento que sustenta o pedido de impeachment contra a presidente, Sampaio repetiu os dados de levantamento que confirmam a explosão dos empréstimos a bancos estatais ao longo da gestão da petista, apresentado por ele em discurso na tribuna na terça-feira (5). “Nos últimos quatro anos de Fernando Henrique Cardoso, por três vezes o governo ficou devendo à Caixa Econômica Federal pelo período de um mês, no valor de R$ 430 milhões. O presidente Lula, também por três vezes, ficou devendo à Caixa, em quatro anos, pelo prazo de um mês, o valor de R$ 510 milhões. Já a presidente Dilma, em 24 meses, em 2013 e 2014, ficou devendo 14 meses consecutivos à Caixa, no valor de R$ 33 bilhões. Ou seja, nos governos FHC e Lula, foi uma dificuldade financeira momentânea. Já a Dilma se valeu dessa fraude fiscal para induzir a população a erro e ganhar as eleições”, disse Sampaio.
(Da assessoria do deputado/ Foto: Alexssandro Loyola)