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Colorindo de PT

Raul Christiano

Durante uma polêmica política sobre o uso e abuso de tintas vermelhas nas paredes das escolas do município de Cubatão, pelo atual governo do PT na Prefeitura, a prefeita Márcia Rosa ironizou o fato com um escapismo, dizendo que daqui a pouco a oposição local vai “proibi-la de plantar rosas na Cidade”. Achei debochada a sua manifestação, porque os vereadores apenas cobram o cumprimento da Lei Orgânica, que determina que as cores oficiais do município sejam o verde e o branco. E, além do mais, o quê falta aos fiscalizadores da aplicação da Constituição Federal para agir contra o aparelhamento do Estado e favoravelmente aos princípios da moralidade, da probidade e da impessoalidade?

O PT está acima da lei? Há um conforto ou sensação de impunidade, apenas porque o presidente da República do PT nomeou a maioria dos atuais ministros do Supremo Tribunal Federal? Nos últimos dias, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu punir o PSDB, cassando-lhe o direito de expor as suas ideias em programas e comerciais de rádio e TV durante o próximo ano, condenando-o pela interpretação do uso eleitoral desse horário político como campanha antecipada de José Serra em 2010.

Ora, como concluem os mesmos ministros em relação à transformação dos atos de anúncio de obras do PAC em comício, dois anos antes e durante 2010, com recursos públicos e opinião política e eleitoral do então presidente Lula? Acho inaceitável o uso de dois pesos e duas medidas.

O PT tem mania de se usar os espaços públicos para personificar as suas marcas. No governo federal, a mulher de Lula, dona Marisa Letícia, decorou os jardins do Palácio da Alvorada com um canteiro de flores vermelhas construído em formato de estrela. Aparentemente, um pequeno gesto doméstico e de abuso da família do ex-presidente, que se apossou de espaço público, importante também pelo fato de que é uma área tombada por representar o paisagismo desenhado por Burle Marx quando da construção da residência oficial dos presidentes da República.

Em Cubatão, o espírito do PT é o mesmo, identificado com os maus exemplos gerais do partido, repete a apropriação partidária do que pertence a todo o povo daquela cidade. Além de usar o vermelho nas pinturas de prédios públicos, pintou de vermelho as faixas de segurança das ruas e avenidas, a fachada do portal de um parque público em reformas (Parque Anilinas) e, incrivelmente, os ônibus das linhas municipais tiveram, além do vermelho, a identificação do prefixo dos veículos, iniciando com o número 13.

Esses fatos não são uma provocação política, partidária ou anedota. É o retrato do abuso de poder. Não me cabe julgar, além de registrar essas observações, mas é preciso registrar e alertar que as atitudes desses governantes vão muito além das pinturas, jardins, prefixos partidários. Desde o início do governo Lula, em 2003, o país vem mergulhando na maior crise moral da história da República, uma vez que se apossam de todos os órgãos públicos, estatais, verbas públicas, cargos e posições da máquina administrativa. Em Brasília ou em Cubatão há indícios de que os petistas avançam sobre as leis para ameaçar, intimidar e perseguir, por meio de dossiês ilegais e todo tipo de constrangimento, os líderes da oposição.

Em 2008, o PT aproveitou em Cubatão a mesma estratégia que deu certo para a primeira eleição da Presidência da República em 2002. O PT venceu com um discurso comprometido em florescer uma cidade rica e cinzenta, deixando bem clara a sua independência em relação a todas as lideranças políticas que um dia ocuparam a gestão da Prefeitura cubatense. No nível nacional defendeu a renovação publicamente e estabeleceu alianças bastante conservadoras privadamente.

Estamos a um ano das eleições municipais. E a três anos das eleições presidenciais. O sentimento de frustração com o descumprimento de promessas mudancistas tem sentido educativo, pelo imperativo de provocar a população à reflexão sobre o comportamento dos políticos, duvidando que não sejam todos “farinha do mesmo saco”.

A Câmara de Vereadores de Cubatão e o Congresso Nacional precisam ter posicionamento independente e responsável. Não é possível aceitar o oportunismo, a apropriação indébita e a negação de valores fundamentais de uma República de cidadãos.

Nunca é demais clamar com um alerta: reaja Brasil!

 

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