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Com casa cheia, PSDB debate saída do governo Temer

Cerca de 300 lideranças e militantes tucanos compareceram nesta segunda-feira, 5/6, ao Diretório Estadual do PSDB para debater a manutenção do apoio do partido ao governo do presidente Michel Temer. O chamamento foi feito pelo presidente estadual do PSDB-SP, deputado Pedro Tobias, que se prontificou a levar o sentimento paulista ao Diretório Nacional.

Entre os presentes, alternaram-se aqueles que defendiam o rompimento imediato com o governo, preservando o apoio às reformas política, trabalhista e da Previdência, e os que defendiam esperar o julgamento da cassação da chapa Dilma/Temer pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que deve ter início hoje.

O deputado federal Carlos Sampaio estava entre os que defendiam o rompimento. Para ele, o governo Temer se afastou dos princípios éticos defendidos pelo PSDB. “Não podemos ter ética de bambu, que se dobra ao sabor dos ventos”, disse.

O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, também foi enfático ao propor o fim do apoio ao governo. “Não podemos perder a coerência. O mesmo PSDB que apoiou o Ministério Público para cassar Dilma é este que está aqui hoje”, disse. “Eu tenho vergonha de apoiar esse governo”, finalizou.

O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Cauê Macris, justificou sua posição contrária ao apoiamento do governo dizendo que “os fins não podem justificar os meios”. “Não podemos aceitar desvios de conduta. Defendo que o PSDB tenha uma postura independente e vote as reformas que acredite que sejam boas para o país”, explicou.

“Não podemos estar junto e compactuar com este tipo de atitude que os brasileiros são contra”, afirmou o deputado estadual Cel. Telhada. “Devemos nos afastar neste momento porque a cada dia surgem novos problemas”, disse.

Para o prefeito de Lins, Edgar de Souza, o PSDB não pode relativizar a corrupção. “Temos de ter coerência. Não dá para fazer de conta que não fizemos todos os discursos contra o PT e fingir que agora isso não vale mais, não é bem assim”, esclareceu. “Tem coisa que não dá para abrir mão”, concluiu.

O deputado estadual Carlos Bezerra afirmou que, sob o ponto de vista ético, não há o que discutir. “Devemos sair deste governo”, afirmou.

Já a defesa da permanência do PSDB na base de sustentação ao governo de Michel Temer teve como mais enfático expoente o prefeito da capital, João Doria. Ele acredita que o partido não deve se precipitar ao tomar uma decisão. “É preciso saber a hora de guerrear. Temos de confiar na Justiça”, iniciou sua explanação. “Decisão somente após a Justiça. Isso não é recuo, é saber guerrear”, defendeu Doria.

Para o prefeito, o PSDB tem de ter a capacidade de olhar para as necessidades do Brasil antes de observar as suas próprias necessidades e a sensibilidade de pensar nos 14 milhões de desempregados, número que, se a crise econômica não arrefecer, poderá crescer ainda mais. “Nosso valor é da dimensão do Brasil . Se desprotegermos o Brasil, o país vai sucumbir”, justificou.

“É preciso ter claro quem é nosso inimigo. Nosso inimigo é o PT, não do PSDB, mas do Brasil”, concluiu o prefeito.

O presidente municipal do PSDB na capital, vereador Mario Covas Neto, também defendeu a manutenção do apoio a Temer. Segundo ele, o PSDB apresentou ao então recém-nomeado governo uma pauta com 15 itens, que foi aceita e tocada por Temer. “A saída do PSDB inviabilizaria o governo”, disse.

“Seria muita irresponsabilidade e uma imensa covardia deixar de dar nosso apoio ao presidente Temer. Chegamos até aqui e devemos continuar”, discursou a prefeita de Paraguaçu Paulista e vice-presidente do PSDB-SP Mulher, Almira Garms.

O líder do governo na Assembleia, deputado Barros Munhoz, afirmou ser inoportuna uma decisão antecedendo o julgamento do TSE. “Temos uma responsabilidade enorme com o país e com o Estado de São Paulo”, justificou.

O presidente do Núcleo Sindical do PSDB, deputado estadual Ramalho da Construção, afirmou que a economia começa a dar sinais de melhora e que seria a maior prejudicada se houvesse uma ruptura com o governo neste momento. “Se é ruim com Temer, sem ele seria uma bagunça”, disse.

Segundo o vice-presidente estadual do PSDB-SP, deputado federal Miguel Haddad, não há criticas às ações do governo. “Por coerência, temos apoiado as ações do governo e devemos aguardar o julgamento para tomar uma decisão”.

“Há um ano participamos intensamente do afastamento de uma presidente criminosa, não só pela má gestão, mas pela licenciosidade”, lembrou o presidente do ITV, José Aníbal. “Precisamos ajudar a recuperar a economia e conduzir o país a uma eleição racional em 2018, sem polarizações de Bolsonaros e Lulas, o que seria uma catástrofe para o país”, justificou.

Para o presidente Pedro Tobias, que é favorável ao desembarque do PSDB do governo Temer, a reunião desta segunda deixou claro que não há consenso sobre o tema. Apesar da maioria das falas tender para o rompimento com o governo Temer, uma parcela expressiva dos presentes se manifestou a favor da manutenção do apoio tucano. “Não há uniformidade de opiniões. Levarei este sentimento para o Diretório Nacional”, disse.

Reunião em Brasilia

Por solicitação do Diretório paulista, o presidente nacional da legenda, senador Tasso Jereissati, agendou para a próxima quinta-feira um encontro com os presidente estaduais para discutir a situação política nacional.

Para Tobias, a decisão foi consequência da mobilização paulista e fará com que o partido comece a ouvir suas bases na hora de tomar decisões. “Depois de ouvir tantos tucanos hoje, levarei ao nacional o sentimento de São Paulo da necessidade de fazer mudanças, realizar um novo Congresso Nacional e discutir mais amplamente o PSDB e o Brasil”, afirmou.

Outras propostas

Além de discutir o apoio ao governo Temer, os tucanos presentes também fizeram ponderações sobre os processos internos do PSDB e sobre a necessidade urgente de fazer um amplo debate sobre o sistema político e eleitoral no Brasil. “Não podemos achar que vai ficar tudo igual. O sistema eleitoral brasileiro está apodrecido e nosso sistema de governo é ultrapassado”, afirmou o vice-presidente do PSDB-SP, Evandro Losacco.

Ele defendeu que o PSDB inicie uma ampla campanha em favor do parlamentarismo, bandeira tucana desde a sua fundação, em 1988.

O líder do PSDB na Assembleia Legislativa, deputado Roberto Massafera, também defendeu mudanças na proporcionalidade da representatividade no Congresso Nacional. “Temos 38 partidos políticos no Brasil e outros 35 em formação porque a Constituição permite. É preciso que façamos uma reforma política”, defendeu.

O deputado estadual Vaz de Lima também defende mudanças, mas internas. Segundo ele, o PSDB tem de ser direto e dizer a população o que quer, quais reformas defende e qual o Brasil que projeta para o futuro. Ele defendeu ainda que, em caso da cassação de Temer e da realização de uma eleição indireta, o PSDB siga fechado com o nome do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para o mandato até 2018.

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