O governo da presidente Dilma vem gastando com publicidade e propaganda, em média, 23% a mais do que foi gasto pelo então presidente Lula. O gasto médio anual do governo Dilma com este setor foi de R$ 1,78 bilhão, contra R$ 1,44 bilhão de Lula. Em dez anos de governo petista foram desembolsados para propaganda, somando todos os órgãos da administração, cerca de R$ 16 bilhões, em valores corrigidos pela inflação. Estes e outros dados revelados por reportagem recente do jornal “Estado de S.Paulo” foram apresentados pelo senador Alvaro Dias no Plenário, na sessão desta terça-feira (13/08).
O senador do PSDB do Paraná criticou da Tribuna o excesso de gastos de governos do PT com propaganda, o que, para ele, revela a intenção de iludir a população com falsas promessas e ilusões. Alvaro Dias destacou que o valor gasto nos últimos dez anos por Lula e Dilma são superiores aos R$ 15,8 bilhões previstos para o programa Mais Médicos até 2014, assim como supera o orçamento de obras como a Transposição do São Francisco e outras tantas do PAC que se arrastam sem serem concluídas.
“Com esses valores significativos gastos em publicidade, o governo vende ilusões ao povo brasileiro. Adota esse sistema promíscuo, em que instala um balcão de negócios, garante a governabilidade à custa de picaretagem política e gasta fortunas em publicidade para iludir a sociedade. A farsa publicitária é voltada apenas a garantir índices de popularidade elevados. Não podemos esquecer que verbas de publicidade se constituíram na fonte primordial de irrigação do Valerioduto e do mensalão”, afirmou o senador.
No seu discurso, Alvaro Dias apresentou informações que recebeu da Presidência da República em resposta a requerimentos que protocolou com pedidos de detalhamento de gastos do governo com publicidade. As informações oficiais deram conta, por exemplo, de que apenas nos ministérios e na Presidência da República, gastou-se, no ano passado, R$ 729.756.085,14. A Presidência da República gastou R$206 milhões; o Ministério da Saúde, R$190 milhões; e o Ministério das Cidades, R$108,89 milhões. O senador salientou que não teve acesso às informações sobre despesas de publicidade de estatais tais como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras e a Eletrobrás.
Citando dados divulgados pelo jornal “Estado de S.Paulo”, o senador Alvaro Dias afirmou que nos dois primeiros anos de mandato da presidente Dilma, o governo federal gastou R$ 3,56 bilhões, média de R$ 1,78 bilhão por ano. Nos oito anos de Lula, o governo desembolsou R$ 11,52 bilhões, média de R$ 1,44 bilhão. No primeiro mandato, a média foi de R$ 1,32 bilhão, No segundo, de R$ 1,55 bilhão – sempre lembrando que se trata de valores atualizados pela inflação.
Denúncias sem respostas
“O dado global de gastos com propaganda, de R$ 16 bilhões, pode ser, na verdade, ainda bem maior. Isso porque o Banco do Brasil se recusou a informar os seus gastos com publicidade entre 2003 e 2009, Só há dados disponíveis de 2010 a 2012. Por essa razão, a fim de evitar distorções, os dados referentes ao banco só foram incluídos no valor global, ou seja, nos R$ 16 bilhões, mas descartados na comparação entre os anos. Apenas para se ter uma ideia, entre 2010 e 2012, o Banco do Brasil gastou, também em valores corrigidos pela inflação, R$ 962,3 milhões com publicidade, média anual de R$ 320,7 milhões. É, no período, o segundo órgão que mais gastou, atrás da Caixa Econômica Federal”, explicou Alvaro Dias.
Outro fato revelado pelo senador Alvaro Dias foi a falta de respostas do governo à investigação, solicitada pela própria Presidência da República, da denúncia da “Folha de S.Paulo” de que falsos jornais estariam recebendo verbas oficiais da Secretaria de Comunicação. O senador lembrou que recebeu correspondência da Presidência da República reconhecendo como irregular o pagamento de recursos publicitários a veículos inexistentes, e expondo os detalhes da investigação solicitada à Polícia Federal. Alvaro Dias aproveitou e renovou seu apelo ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que dê as respostas sobre o inquérito instaurado pela PF a respeito do repasse de recursos a jornais que não existem na região do ABC paulista.
“Nós temos que questionar o governo sobre isso. É evidente que se reconhece a necessidade da publicidade oficial, mas não há como ignorar o exagero desses números e, sobretudo, a destinação desses recursos. Nesse caso específico do ABC Paulista, recursos transferidos a jornais inexistentes e, no caso do Mensalão, recursos que, através do Valerioduto, tendo origem em verbas de publicidade mediante as agências de Marcos Valério, deram sustentação ao grande escândalo de corrupção que se denominou chamar de Mensalão, um sofisticado e complexo esquema de corrupção em nome de um projeto de poder de longo prazo”, concluiu o senador Alvaro Dias.