Seis meses depois de se tornar réu na ação penal do mensalão, o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP) assinou um contrato para criar uma Pequena Central Hidrelétrica no Tocantins.
O contrato é assinado pelo ex-presidente da estatal Valec (ferrovias) José Francisco das Neves, o Juquinha, pelo senador Vicentinho Alves (PR-TO) e dois empresários.
Trata-se da primeira prova do envolvimento direto de Costa Neto com Juquinha, preso há duas semanas pela Polícia Federal na Operação Trem Pagador sob suspeita de enriquecimento ilícito.
Segundo a investigação, ele e sua família tiveram aumento patrimonial a partir de desvios de verbas das obras da ferrovia Norte-Sul.
A PF investiga se o plano da usina, que segundo os sócios não foi feita, tem relação com o dinheiro supostamente desviado da ferrovia Norte-Sul –obra da Valec.
O documento, assinado em 26 de fevereiro de 2008 e sem registro em cartório, foi admitido como verdadeiro pelos signatários. Ele previa que o grupo constituiria uma empresa para a “produção e venda de energia elétrica”.
Segundo o acordo, Costa Neto teria 15% do empreendimento, Juquinha teria 20%, Vicentinho Alves e o empresário Luiz Alberto Rassi, 30% cada um, e o empresário José Carlos Camargo, 5%.
A empresa não foi constituída, mas uma construtora de Rassi obteve autorização da agência de energia elétrica para um estudo sobre a instalação da usina numa fazenda de Vicentinho.
OUTRO LADO
A assessoria de Valdemar Costa Neto disse que o documento é uma “carta de intenções para eventual sociedade que não se realizou”, proposta por Vicentinho Alves.
O advogado Heli Dourado, que defende José Francisco das Neves, o Juquinha, usou o mesmo argumento.
O senador Vicentinho Alves disse que o projeto seria em sua fazenda, mas não foi adiante: “Eu tenho essa propriedade há 28 anos”, disse o senador. “Fui eu quem convidei Valdemar e Juquinha.”