Andrea Matarazzo
Sempre foi motivo de polêmica a discussão sobre que ações governos e sociedade devem adotar para enfrentar a dramática situação da proliferação do vício em crack nas cidades brasileiras.
Alguns dizem que o problema só se resolverá com o fim da pobreza; outros criticam a presença ativa da polícia nas regiões de venda e consumo. Há quem defenda que impedir a ocupação do espaço público por traficantes e dependentes, atraídos por estes, é autoritarismo.
Vejo diariamente pessoas anunciando o que deve ser feito, grande parte com fórmulas pré-encomendadas de cunho político. Fui secretário das subprefeituras de São Paulo, atuei contra o problema e sei algumas coisas a respeito do assunto.
Uma delas é que os dependentes químicos estão em estado de intenso sofrimento, e isso nos obriga a agir. São pessoas abandonadas pelas suas famílias ou que as abandonaram, seja por falta de condições objetivas para ajudar, seja pela violência que se instala na relação do dependente com o tráfico.
O fato é que o poder público não pode deixar essas pessoas à mercê dos traficantes, assim como cidade nenhuma pode compactuar com a existência de shoppings de crack a céu aberto.
É preciso que o poder público atue muito articuladamente, e para isso é necessário discernir claramente as atribuições de cada esfera de governo. Aos governos estaduais e suas polícias cabe dificultar ao máximo a distribuição de drogas pelo tráfico local.
Deixar de fiscalizar as “cracolândias” é reservar território público para o traficante. E isso é inadmissível. Os municípios, por sua vez, precisam garantir bom padrão urbanístico, não permitir que trechos da cidade se deteriorem.
A matéria-prima do crack vem de países vizinhos, e as nossas fronteiras, que deveriam ser fiscalizadas pelo governo federal, são verdadeiras peneiras furadas. Também cabe à União distribuir recursos para que os estados e os municípios executem seus planos de saúde e de urbanização.
Não é isso que vem acontecendo. Nos últimos dez anos, o governo federal só vem reduzindo sua participação financeira na área da saúde, deixando as contas para estados e municípios.
Enquanto o Ministério da Saúde manda fechar leitos psiquiátricos, desde 2007 o governo paulista criou 400 vagas para internação de dependentes químicos, já sensibilizado com a necessidade de enfrentar o crack em todas as regiões. Nos próximos dois anos, São Paulo vai dobrar o número de leitos disponíveis para estes pacientes.
A questão que ainda carece de resposta é como envolver as famílias no tratamento, garantindo acolhimento e retorno a situações de pertencimento.
O debate deve acontecer entre pessoas que conhecem de fato essa realidade, não entre oportunistas de plantão que mal sabem onde fica a Nova Luz, que se valem do disfarce de político preocupado para criticar as ações em andamento.
Não, não podemos deixar aqueles que consolidaram a cadeia produtiva do crack em São Paulo pautar o que realmente tem de ser feito. Qualquer coisa diferente de agir é omissão de socorro.
O governo do Estado de São Paulo deve investir pesado na guerra contra o crack em todo nosso estado. Usando sim a polícia, tirando nossos jovens e crianças desses locais,mas tratando-os também. É uma epidemia nacional. Cada estado que faça a sua parte. SÃO PAULO deu início a essa guerra…deve mostrar ao pais como fazer.O governo federal tem que ajudar também disponibilizando verbas para o tratamento dos doentes pelas drogas e cuidando das fronteiras que estão livres…afinal as drogas estão entrando.Parabéns ao governador Geraldo Alckimin, por cuidar do seu povo.