A geração de emprego com carteira assinada no País sofreu mais um baque em junho. O saldo de contratações ficou 53% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado. A desaceleração da economia foi apontada por analistas como a principal causa do desempenho. Ainda assim, especialistas acreditam que o mercado de trabalho vai reagir.
De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), descontadas as demissões, foram contratados 120.440 pessoas no mês passado, o pior resultado para meses de junho desde 2009, quando o Brasil vivia o auge da crise financeira internacional. Em junho de 2011, o saldo havia sido de 255,4 mil postos abertos.
A geração líquida de empregos no primeiro semestre foi de 1,05 milhão de vagas, exatamente a metade do resultado de todo o ano de 2011.
Grande parte desse número veio da área de serviços, com a contratação de 469,7 mil postos a mais do que demissões. A construção civil foi a segunda maior empregadora no período, com saldo líquido de 205,9 mil novos postos e o setor agrícola, com 135,4 mil empregos.
Com clara perda de vigor em relação a seu histórico, a indústria da transformação apresentou um saldo de 134 mil novas vagas formais na primeira metade do ano. Já o comércio apresentou um resultado mais modesto, com geração de 56,1 mil postos com carteira assinada na primeira metade do ano.
“Os dados evidenciam o cenário de desaceleração da economia. Como esperado, a diminuição na atividade tem feito sua parte também no mercado de trabalho”, afirmou o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, em relatório para clientes.
Salário. O Caged revelou ainda que os salários médios de admissão no primeiro semestre deste ano registraram aumento real- já descontada a inflação- de 5,90% na comparação com a primeira metade de 2011, passando de R$ 946,79 para 1.002,64. O crescimento foi de 44,62% quando levado em conta o salário de R$ 711,51 pago, em média, no primeiro ano do governo Lula, em 2003.
Especificamente em junho, a indústria revelou um crescimento “modesto”, de 9,9 mil postos – houve expansão no setor apenas em 6 dos 12 ramos de atividade da indústria analisados. Já a agricultura foi a que mais contratou no mês passado, um total de 60,1 mil vagas, seguida por Serviços (30,1 mil postos) e comércio (11 mil).
O Estado de Minas Gerais criou 38,5 mil vagas em junho e ultrapassou São Paulo no volume de contratações (25,2 mil postos). Já Espírito Santo e Rio Grande do Sul enxugaram postos de trabalho em junho.
A retomada da atividade deve ter reflexos para o emprego a partir de setembro, segundo o economista da LCA Consultores Caio Machado. “O emprego está chegando num vale e deve voltar a acelerar”, afirmou o economista.
A mesma opinião tem o professor de economia do Ibmec, Mauro Rochlin. “Os juros estão em processo de queda e sinalizam para empresários um ambiente melhor para o investimento”, disse.