Durante dois dias, 96 mulheres dos estados do Sul e Sudeste participaram do curso de formação para novas lideranças realizado pelo PSDB-Mulher Nacional com a Fundação Konrad Adenauer. O curso aconteceu no diretório estadual em São Paulo e trouxe especialistas para abordar política, estrutura partidária e a participação da mulher na política. Na abertura, na noite de quinta-feira (29/01), a presidente do PSDB-Mulher Nacional, Thelma de Oliveira destacou a importância dessa preparação para o fortalecimento da presença de mulheres no partido e no poder. “Temos de partir das comunidades, dos municípios, criando os secretariados, promovendo o conhecimento sobre o nosso partido, sua história e suas propostas porque isso nos dá melhores condições para atuarmos na política”, recomendou. A vice-presidente Nacional aproveitou para anunciar os próximos cursos para o Centro-Oeste e Norte, em Brasília, e em Maceió para as novas filiadas do PSDB-Mulher no Nordeste. O representante da Fundação Konrad Adenauer no Brasil, Felix Dane disse que é de interesse da instituição a formação para a democracia e que o aumento da participação das mulheres na política é uma demanda mundial. Presidente do PSDB-Mulher Nacional, Nancy Ferruzzi Thame ressaltou o conteúdo do curso. “Os cursos têm sido um instrumento importante de inclusão das mulheres e com muito mais conhecimento temos conquistado espaço no partido, de onde começamos a avançar para participar mais efetivamente”, afirmou.
Reforma Política
A mesa redonda sobre sistema político e democracia no Brasil teve a participação do cientista político do Insp, Humberto Dantas, que falou sobre o papel dos poderes. “Para a maior participação, é preciso conhecer as regras do jogo”, disse. Com a mestre em Direitos Humanos, Maria Isabel Cunha Soares e o diretor Executivo da Escola do Parlamento da Câmara Municipal de São Paulo, Roberto Eduardo Lamar, Dantas ampliou a discussão sobre intervenções dos poderes na natureza da atuação de cada um, as causas e os efeitos desse processo instalado no Brasil. Para Maria Isabel, o executivo falha e por isso motiva a intervenção do Judiciário. Lamari defendeu a maior participação da sociedade nos parlamentos e a educação para a política. “É preciso encurtar o distanciamento do que se faz dentro de uma casa legislativa e a sociedade.”
O segundo dia do curso teve um panorama da presença da mulher na política traçados pela socióloga Fátima Jordão, a cientista política Lúcia Avelar e a especialista em gênero e trabalho, Mariana Giorgion. A reforma política é prioridade apontada em todos os temas que o curso abordou em painéis temáticos. “Países que adotaram a lista fechada avançaram muito na participação das mulheres na política”, afirmou a socióloga Fátima Jordão. “A nossa cota de participação não é verdadeira, não funciona, isso tem de mudar”, opinou a cientista política, Lúcia Avelar. Ela foi taxativa sobre as cotas criadas para garantir o acesso das mulheres à política e sobre o financiamento das campanhas. “O Brasil precisa vencer essa barreira pela reforma política.”
Lançando mão de dados do IBGE, Catho e Rede da Mulher Empreendedora, Mariana Giorgion mostrou em números a desigualdade entre homens e mulheres para chamar a atenção sobre a necessidade de políticas que modifiquem esse cenário. “A igualdade é uma questão social que o Brasil precisa resolver”, disse. Com formação superior (61,2%) em relação aos homens (53,2%), as mulheres ainda recebem salários mais baixos (72,3% do que recebem os homens), de acordo com a especialista. “Mais do que avançarmos com as políticas sob a perspectiva de gênero, temos de vencer a questão social que envolve a mulher no desafio de ter uma carreira, trabalhar e ser mãe.” O tema seguinte, Maioria Oprimida fez uma imersão maior sobre essas dificuldades. Sílvia Rita de Souza, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher DF falou sobre a mulher na mídia. “A imagem que passam da mulher é preconceituosa. Para o empoderamento, é preciso coragem, autoimagem e também se expressar sem medo.” Aline Soares, da Konrad Adenauer trouxe a situação mundial da violência contra a mulher e privação dos direitos humanos a esta população. “Entre refugiados ou reconstruindo a vida após esses conflitos, as mulheres são importantes e as que mais sofrem as consequências das guerras”, analisou. A ex-governadora do Rio Grande do Sul e uma das fundadoras do PSDB-Mulher, Yeda Crusius descreveu o ódio como combustível que coloca a mulher e também algumas minorias vulneráveis no mundo. “Vamos precisar de duas gerações para inverter a desigualdade”, afirmou.
Incentivo
Para muitas das mulheres que fizeram o curso, a oportunidade de participar da política encontra na formação um estímulo e mais, um preparo para dar o primeiro passo. Não necessariamente numa candidatura para cargos eletivos, como no caso de Pryscilla Marcondes, de Guarulhos, que convive com a política desde a infância. Filha de militante conheceu Mario Covas e a escolha pela faculdade de Direito acabou trazendo a jovem para o ambiente político-partidário. “Achei ótimo poder entender melhor sobre inclusão, gostei do que ouvi sobre sustentabilidade, que é a minha área”, opinou Pryscilla, que pretende participar da política para transformar a realidade de onde vive. “Cansei de ver tudo errado, ouvir meus amigos reclamarem e resolvi atuar para mudar isso, é um começo.” De Minas Gerais, a vice-presidente de Formação Profissional do Conselho Regional de Administração, Célia Corrêa se inscreveu para agregar o tema política aos conteúdos que dissemina a mulheres profissionais da área de gestão. “Este curso é uma porta entre o partido político e a sociedade e aqui me senti uma representante da sociedade interessada em participar”, descreveu.
Depois de passar pela experiência de uma campanha política na última eleição, quando foi candidata à deputada Federal, a catarinense de Florianópolis, Rosely Rosana Ferrari Dallbona considera o curso o inicio de uma nova etapa na escolha que fez em atuar pela política. “Milito há mais de 12 anos no PSDB, mas agora me sinto mais empolgada, quero estar mais perto do PSDB-Mulher”, disse.