Cesar Gontijo*
A nomeação de uma advogada acusada de envolvimento com a máfia dos sanguessugas para a equipe de transição do governo Lula é algo estarrecedor. Menos mal que Christiane Araújo de Oliveira pediu exoneração ontem. É o mínimo que poderia ser feito diante do disparate de se nomear uma pessoa que foi denunciada pelo Ministério Público Federal sob acusação de fazer parte de um esquema que extraía dinheiro da precária saúde brasileira como um vampiro extrai o sangue do pescoço de suas vítimas. A ficção, infelizmente, só vale para o segundo caso.
A nomeação seguida de exoneração da advogada nos faz pensar que os vícios do governo-padrinho querem se perpetuar de qualquer jeito. Dilma será capaz de rejeitar essa herança”
No discurso, sim. Vou exigir competência técnica, pessoas que não tenham problemas de nenhuma ordem”. Foi o que disse a herdeira de Lula no dia 3 de novembro, ao comentar com jornalistas sobre quais critérios serão utilizados para a escolha da equipe que a acompanhará nos próximos quatro anos de governo.
Na prática, não. A herdeira não teve a mínima curiosidade de espiar quem eram os responsáveis pela transição do governo. Imagine. Se nem quando era ministra e tinha a família de Erenice Guerra ao seu lado causando problemas de todas as ordens a herdeira se preocupou com isso, por que agora – eleita presidente – se preocuparia”
Sobre a transição, a notícia boa é que uma cabeleireira de Porto Alegre foi nomeada para a tal equipe. Ela vai ganhar R$ 6,8 mil, mas fala três idiomas e é contra, “por ideologia”, a procedimentos como alisamento e escova progressiva. Viva os cabelos encaracolados. E viva o governo que nem começou e já está enrolado.
Cesar Gontijo é secretário-geral do PSDB de São Paulo