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Decreto de Haddad piora o coletivo

Todo mundo sabe que os ônibus de São Paulo vivem lotados. Mas nada é tão ruim que não possa piorar. Na semana passada, o prefeito Fernando Haddad publicou decreto estabelecendo que os coletivos com capacidade máxima de 65 passageiros, passem a transportar 75 pessoas.

75 pessoas – entre sentados, de pé e cadeirantes –  só que o tamanho dos veículos continua o mesmo! O índice anterior considerava 5 passageiros por metro quadrado o máximo tolerado. Agora, são 6 por metro quadrado, mas a prefeitura admite que nos horários de pico chegue até a 8 usuários por metro quadrado em algumas linhas. Você que utiliza os ônibus sabe muito bem disso.

Além disso, os veículos estão em péssimas condições, ainda funcionam com marcha manual – em vez de serem automáticos, para dar mais segurança ao usuário – e não têm ar-condicionado. As linhas “serpenteiam” pela cidade em busca de mais passageiros e, consequentemente, mais lucro, em vez de priorizar o conforto dos usuários. Ora, as empresas são concessionárias da Prefeitura e deveriam ser cobradas e fiscalizadas adequadamente!

Uma pesquisa feita pelo Ibope no ano passado mostrou que o paulistano passa, em média, duas horas e meia por dia no trânsito. Se considerarmos apenas aqueles que andam de ônibus nas linhas de grande demanda, saindo ou chegando das zonas Sul ou Leste nos horários de pico, esta média cresce. O morador que vai do Parque do Engenho, Campo Limpo ou Capão Redondo, na zona Sul, até o Centro, gastará duas horas apenas para ir. Quem faz uma viagem da Cidade Tiradentes até o Parque Dom Pedro ficará impaciente com as mais de 70 paradas ao longo do trajeto.

A melhoria dos transportes na nossa cidade passa pela necessidade de mais trens, metrôs e corredores de ônibus. Mas é imprescindível que se faça urgentemente a modernização e a melhoria dos coletivos. É preciso investir na qualidade dos veículos, proporcionar o mínimo de conforto durante as viagens, diminuir o tempo dos trajetos. Enfim, dar mais dignidade aos passageiros e melhorar as condições de trabalho dos motoristas.

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