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Defesa de Valdemar cita Lula e diz que dinheiro era para ‘presidente de partido’

As defesas do deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), ex-presidente do extinto PL, do ex-tesoureiro Jacinto Lamas e de seu irmão, Antonio Lamas, citaram ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao pedir a absolvição de seus clientes no julgamento do Supremo Tribunal Federal. A defesa também criticou o Ministério Público por não ter investigado o ex-presidente.

Advogado de Valdemar, Marcelo Luiz Ávila de Bessa afirmou que o deputado não pode ser condenado por compra de votos, já que recebeu os recursos do esquema “como presidente do PL”, e não como deputado. Ele lembrou o acordo político firmado na eleição de 2002 para a montagem da chapa de Lula e José Alencar. Citou uma reunião realizada na época da qual teriam participado Lula, Alencar, Valdemar, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e outros dirigentes. Nessa reunião foi definido o apoio do PL de Alencar a Lula, o que incluiria ajuda financeira a outros candidatos do partido.

“Pode ter ocorrido (mensalão) ou não, mas em relação ao PL não ocorreu”, disse o advogado. Bessa afirmou que a sigla fazia parte do governo e, portanto, votava sempre a favor do Executivo.

A tese do caixa 2 é utilizada pelos principais réus do caso. Segundo eles, o dinheiro repassado a parlamentares nos primeiros anos do governo Lula serviu para pagar dívidas de campanha.

A versão de crime eleitoral – que, em caso de condenação, já estaria prescrito – foi sustentada no julgamento do mensalão principalmente pela defesa de Delúbio Soares.

Planalto. Defensor do ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas, o advogado Délio Lins e Silva Júnior criticou o Ministério Público Federal que, em sua acusação, disse que as tratativas do esquema do mensalão eram feitas “entre as quatro paredes do Palácio do Planalto”, mas decidiu não investigar o ex-presidente.

“Existe uma pessoa que disse que o presidente sabia de tudo, o ex-deputado Roberto Jefferson. Por que é tão fácil acreditar no presidente Lula mesmo com depoimento dizendo que ele sabia e tão difícil acreditar em Jacinto Lamas de que ele não sabia e não tendo depoimento contrário?”, questionou Délio Júnior. “O pau só quebra nas costas do pequeno”, disse o advogado de Antonio Lamas, Délio Lins e Silva.

Délio Júnior afirmou que “Valdemar mandava no partido”. “Quem mandava e desmandava naquele partido, como manda e desmanda até hoje, era o deputado Valdemar Costa Neto. Desde a compra de uma caneta e um café até reuniões políticas e direcionamento de votações num sentido ou outro. Jacinto era um zero à esquerda em termos políticos. Valdemar mandava também nas finanças. O papel de tesouraria do Jacinto era figurativo.”

Segundo ele, Jacinto não tinha consciência da origem nem do destino dos valores movimentados. “Jacinto não recebeu um tostão furado do esquema.”

A defesa de Breno Fischberg, ex-sócio da corretora Bonus Banval, negou qualquer vínculo dele com o publicitário Marcos Valério. O advogado Guilherme Alfredo de Moraes Nostre disse que Valério desmentiu em juízo que conhecesse Fischberg, retificando declaração dada antes à Polícia Federal.

“Marcos Valério desmentiu em juízo, no interrogatório. Disse que não conhece o denunciado Breno Fischberg, tendo em uma única oportunidade o visto na corretora. Não era seu interlocutor”, afirmou o advogado.

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