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Delúbio diz que mensalão era caixa dois e afirma: mais deputados receberam recursos

O ex-tesoureiro do PT e mensaleiro Delúbio Soares foi homenageado nesta terça-feira em Brasília, em um evento que reuniu representantes do partido e integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT). O encontro, organizado pela juventude do PT, foi um ato de apoio a Delúbio, que é acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha e será um dos principais réus do julgamento do mensalão, que terá início em 2 de agosto no Supremo Tribunal Federal (STF).

Em sua “palestra”, ele  repetiu a tese de que tudo não passou de caixa dois de campanha. E disse que nem todos os parlamentares beneficiados pelo esquema constam da denúncia feita pelo Ministério Público Federal. “Vários companheiros de vários partidos que receberam recursos não estão na denúncia”, disse ele, ao criticar a acusação apresentada pelo Ministério Público Federal contra os 38 réus do processo.

O ex-tesoureiro do PT garantiu que o mensalão nunca existiu: “Não teve compra de voto, não teve corrupção de partido. O que houve foi um processo de financiamento das campanhas que ficaram com dívidas”, disse ele. O petista afirmou que recorreu às empresas de Marcos Valério para obter empréstimos junto ao Banco do Brasil e ao banco BMG com o objetivo de saldar dívidas de campanha do PT e de partidos aliados. “O PT não tinha lastro financeiro para fazer os empréstimos na época”, afirmou.

Delúbio reconheceu apenas ter cometido crime eleitoral: “Se erramos, não há problema nenhum a gente admitir. Deu errado.  Deu essa confusão toda e nós estamos pagando um preço há sete anos”, declarou o petista, sempre resumindo o escândalo a um esquema de arrecadação irregular de campanha.

O ex-tesoureiro do PT também descartou assumir a culpa sozinho no processo, como tem sido veiculado nos últimos dias: “Querem jogar um contra o outro. A defesa está nos autos, não tem mais o que acrescentar”, declarou aos militantes. Delúbio ignorou a imprensa presente ao evento.

Caixa dois diferenciado – Além de afirmar que a acusação se refere a um esquema de “recursos não contabilizados”, Delúbio inaugurou uma nova classificação de crime eleitoral e afirmou que o esquema utilizado pelo PT foi diferente: “Não é o caixa dois clássico do Brasil, que é um dinheiro sem origem que paga despesa sem origem. Aquele dinheiro tinha origem e foi repassado aos diretórios dos partidos. E, se eles não prestaram constas à Justiça Eleitoral, a responsabilidade não era minha”, disse ele.

Cerca de 100 militantes do PT assistiram ao evento, que seria organizado na sede nacional do partido, mas foi transferido para um auditório da CUT. O petista – que chegou a ser expulso da legenda, mas acabou readmitido – foi recebido com gritos de “Delúbio guerreiro do povo brasileiro”. Ele entregou cópias de um caderno com o conteúdo de sua defesa. O evento atraiu integrantes do governo do Distrito Federal, representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), um assessor do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e o deputado distrital Chico Vigilante.

O secretário da Juventude Nacional do PT, Jefferson Lima, ofereceu a militância jovem do partido para ir às ruas protestar a favor de Delúbio. E, como era de se esperar, atacou a imprensa: “Se precisar ir à porta de certas mídias conservadoras, como a Globo, é só você dar a ordem que nós vamos seguir”, afirmou Lima.

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