Nas eleições de 2012, o brasileiro deixou seu recado nas urnas, mas a interpretação, pela classe política, sobre o que pensa e deseja o eleitor, é dificultada porque também a população tem igual dificuldade de entender as suas lideranças e as alianças entre os partidos. A constatação foi feita pelo Líder do PSDB, senador Alvaro Dias, ao avaliar, no Plenário, na sessão desta segunda-feira, 29, os resultados do pleito municipal de 2012. Para o Líder tucano, há um visível desencanto se espalhando pelo País, revelado pelo fato de quase um terço dos eleitores terem deixado de comparecer ou votar positivamente em candidatos neste segundo turno.
“O que deseja o eleitor brasileiro? Eu confesso humildemente que, quanto mais permaneço na atividade pública, os anos passam e eu confesso que cada vez entendo menos o eleitor do País. Não é fácil entendê-lo, porque certamente ele também tem dificuldade de entender as suas lideranças. Com razões de sobra para essa dificuldade. O que é visível é o enorme desencanto campeando pelo País. Um terço do eleitorado brasileiro deixou de votar positivamente. Quase 10% de votos brancos e nulos. Eleitores que compareceram, mas votaram branco ou anularam o voto e quase 20% dos eleitores ausentes. É uma manifestação contundente de desencanto num sistema de voto obrigatório e uma reação contrária ao modelo político superado, retrógrado, tão combatido e tão pouco compatível com as aspirações da nossa sociedade”, afirmou Alvaro Dias.
Outra análise feita pelo Líder do PSDB diz respeito às conquistas dos partidos políticos no segundo turno municipal. O senador disse discordar de afirmações feitas por jornalistas, comunicadores, analistas, cientistas políticos e políticos, de forma geral, de que este ou aquele partido ganhou ou perdeu. Para Alvaro Dias, o eleitor ignorou os partidos, e preferiu votar em candidatos.
“Fui a vários pontos do País, participei da campanha em várias capitais, em grandes cidades, e em nenhuma delas, vi a sigla partidária estampada na publicidade dos candidatos. Vi apenas o número e, no rodapé da propaganda, aquilo que se chama popularmente de sopa de letrinhas, as siglas partidárias, e de forma talvez até envergonhada, colocadas como obrigação só, por imposição legal, mas sem que permitisse a leitura. Portanto, o eleitor não ligou o candidato ao partido. Muitos menos às coligações estapafúrdias, contraditórias, inadequadas, sem nenhum conteúdo ou estímulo programático. Coligações que são, muitas vezes, concretizadas desonestamente. Não há apelo programático na aliança que se concretiza com siglas que vendem o tempo de televisão, momento em que a corrupção toma corpo”, disse o Líder Alvaro Dias.
Diante da evidência de que o modelo espúrio de aparelhamento e fisiologismo se espalhou pelas administrações estaduais e municipais, o senador Alvaro Dias considera que este é o maior desafio atual da classe política: destruir um sistema promíscuo que exige a instalação de um balcão de negócios para garantir a governabilidade.
“Parece que se tornou impossível governar sem instalar um balcão de negócios para a compra de apoio político no Congresso ou para a cooptação de partidos políticos. No período pré-eleitoral, por exemplo, ocorre a cooptação de partidos políticos através de uma estratégia corrupta, que reproduz o sistema vigente na administração pública brasileira. Como queremos conquistar a credibilidade junto ao povo brasileiro com esse sistema político promíscuo? A reforma política é indispensável a partir da construção de verdadeiros partidos. O sistema político brasileiro tem que ser destruído. Eu não vejo futuro sem a destruição deste sistema. Se há uma modesta contribuição que nós que somos poucos na oposição podemos oferecer ao Brasil é a de combatermos de forma implacável esse sistema. É evidente que nós não vamos alcançar os índices de desenvolvimento compatíveis com as potencialidades brasileiras se preservarmos um sistema que tem na promiscuidade a sua marca indelével”, concluiu Alvaro Dias.