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Deputados criticam falta de transparência em gastos com viagens da presidente ao exterior

A passagem da presidente Dilma Rousseff por Lisboa é o reflexo de um governo sem compromisso com a transparência e com os gastos de recursos públicos. Essa é a avaliação dos deputados Duarte Nogueira (SP) e Nelson Marchezan Júnior (RS). Tratada como segredo de Estado pelo Palácio do Planalto, a visita da petista à capital de Portugal, com direito a hospedagem em hotel luxuoso e a comida no melhor restaurante da cidade, foi comunicada às autoridades locais na quinta-feira da semana passada, desmentindo assim versão oficial.

De acordo com Nelson Marchezan, Dilma debocha da população brasileira, sobretudo do trabalhador que vive com um salário mínimo de R$ 724. “É normal para o PT considerar que as contas públicas, que o dinheiro que ele administra por um período, é dele. Por esse motivo, os petistas não consideram necessário deixar as despesas transparentes”, criticou. “Esse é o retrato melancólico e triste dos governantes do Brasil neste momento.”

O tucano crítica a retórica da presidente. “Ela adota um discurso no Fórum Econômico Mundial de Davos. Diz que vai ter contas públicas transparentes, que irá administrar bem os recursos e apertará o cinto para controlar o desperdício”, lembrou. “Mas contraria com atos simples do dia a dia, na prepotência e na petulância deste governo, todo o discurso feito anteriormente.”

Na opinião de Duarte Nogueira, o valor de R$ 26,2 mil para uma diária no hotel Ritz reforça a falta de uma política de controle dos gastos do dinheiro do contribuinte. “Acho que há uma falta de transparência com aquilo que é público. Ao mesmo tempo, há um mau exemplo no que diz respeito à falta de austeridade”, disse.

Nesta terça-feira (28), o “Estadão” desmonta a versão oficial. Inicialmente, a ministra da Comunicação Social, Helena Chagas, afirmou que se tratava de uma parada técnica não prevista. Ontem, o ministro das Relações

Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, repetiu o mantra. Disse que a decisão de parar em Lisboa foi tomada “no dia da partida” da Suíça, no sábado, onde a presidente participava do Fórum Econômico Mundial. O destino seguinte seria Cuba, onde Dilma inauguraria um moderno porto financiado com recursos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Mundial (BNDES).

Acontece que o Palácio do Planalto não combinou a desculpa com os patrícios. De acordo com o “Estadão”, desde quinta-feira o diretor do cerimonial do governo de Portugal, embaixador Almeida Lima, estava escalado para recepcionar Dilma e sua comitiva no fim de semana. Além disso, Joachim Koerper, chef do restaurante Eleven, onde a presidente do Brasil jantou com ministros e assessores, recebeu pedidos de reserva também na quinta-feira. Nada foi divulgado à imprensa. O périplo pela capital portuguesa foi mantido em absoluto sigilo.

A falta de transparência virou rotina no governo. “A Folha de S.Paulo” revela que o Palácio do Planalto se recusa a divulgar gastos com viagens da presidente Dilma Rousseff. Os custos e a organização dessa rotina de viagens são geridos pelo Gabinete de Segurança Institucional. De acordo com o jornal, em 2013, Dilma bateu recorde de viagens pelo Brasil: passou 71 dias fora de Brasília, 54,3% a mais que os 46 dias de 2012.

Paradas obrigatórias
Voltando às viagens internacionais, um levantamento da “BBC Brasil” aponta que as paradas da presidente em outros países após compromissos oficiais tornaram-se praticamente obrigatórias. “Escalas em viagens internacionais da presidente Dilma Rousseff em que ela não teve compromissos oficiais e, em alguns casos, realizou passeios turísticos custaram R$ 433 mil aos cofres públicos”, diz reportagem de março do ano passado.

O valor inclui despesas apenas com hospedagem e diárias em visitas a Atenas (Grécia), Praga (República Tcheca) e Granada (Espanha), que ocorreram durante escalas de viagens de Dilma e sua comitiva à Ásia.

Com base em dados do Ministério de Relações Exteriores, obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, a BBC Brasil mostra que as 35 viagens presidenciais em 2011 e 2012 custaram R$ 11,6 milhões. Desse montante, R$ 7,8 milhões se referem a gastos com hospedagem e R$ 3,8 milhões a despesas com diárias, item que inclui alimentação e transporte. Os valores incluem também gastos com a preparação das viagens.

Do Portal do PSDB na Câmara

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