
A recente pesquisa CNI/Ibope sobre avaliação do governo Dilma, divulgada na última sexta-feira, foi contestada e criticada pelo Líder Alvaro Dias no Plenário, na sessão deliberativa desta segunda-feira, 17. O senador tucano levantou alguns questionamentos sobre as distorções da pesquisa, principalmente em relação à contradição entre a aprovação da presidente e a desaprovação de sua administração.
“Razões existem de sobra para a contestação. Elas orientam ou desorientam? Mostram ou distorcem a realidade? Como pode o governante receber a consagração popular de 72% dos pesquisados, se nos setores vitais como educação, saúde, segurança pública, impostos, taxas de juros, infraestrutura, é veementemente rejeitado? E não estamos considerando o item corrupção, já que neste o governo se supera. O resultado da consulta popular é contraditório e autoriza a suspeitar dos seus objetivos. Acima de tudo trata-se de ofensa aos brasileiros admitir que aceitam a incompetência, a ausência de governo e a corrupção, como requisitos para aprovação e popularidade de quem governa”, afirmou o Líder.
Para o senador tucano, alguns aspectos da avaliação governamental inspiram atenção, cautela e reflexão. O senador destacou que enquanto a aprovação do governo se manteve no patamar de 62% dos entrevistados no universo pesquisado – 2.002 eleitores em 142 municípios – o governo foi mal avaliado em áreas estratégicas. Um dos exemplos está na aprovação popular da política de combate à inflação, que caiu de 50% para 45%. Já a quantidade de insatisfeitos com a política de impostos do governo subiu de 57% para 65%.
Também foi destacada pelo senador tucano a queda na avaliação, pela população, da atuação do governo do PT na área de saúde. Desaprovam as medidas do governo 74% dos entrevistados. “É no mínimo surpreendente que tal patamar de desaprovação não se reflita na avaliação do governo. A pesquisa é de tal forma refinada que consegue manter isoladas tais avaliações sem contaminar a tabulação final”, disse Alvaro Dias.
Outro setor em que o governo Dilma é mal avaliado é o de segurança pública. De acordo com Alvaro Dias, da última pesquisa, em setembro, para a atual, houve queda de dez pontos percentuais na aprovação das ações de segurança da gestão petista, passando de 40% para 30%. Já a desaprovação subiu de 57% para 68%. No tocante à educação, lembra o Líder do PSDB, a aprovação é de 43%, menor que os 47% registrados em setembro. Chegou a 56% a quantidade de pessoas que desaprovam as ações do governo no setor.
“No universo pesquisado – 2002 brasileiros consultados num raio de 142 municípios – é de causar espanto a distinção entre o desempenho claudicante do governo em áreas sensíveis à população com o desempenho do governo e da própria governante. Conclusão: numa analogia ao espetáculo de balé assistido pela presidente no teatro Bolshoi em sua recente visita a Moscou, podemos indagar: até quando as pesquisas serão capazes de isolar o “cisne negro” que singra os mares da avaliação governamental?”, concluiu o Líder do PSDB.
Apelo por CPI
Ao citar no Plenário recente entrevista de um dos personagens do “escândalo Rose”, o diretor da ANA, Paulo Vieira, ao “Estadão”, na qual envolve outros ministros em acusações sobre tráfico de influência, o Líder Alvaro Dias voltou a apelar aos senadores para que assinem o requerimento de criação de CPI para investigar o caso.
“O Congresso precisa mudar sua postura, e se abrir para ouvir os integrantes desta quadrilha, instalando uma CPI para dar profundidade às investigações. É uma responsabilidade do Congresso, de propor transparência para que a sociedade possa saber o que aconteceu e o que acontece na administração federal”, afirmou o Líder.
O senador mencionou na tribuna o nome dos 18 senadores que já assinaram o pedido de CPI: Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Aécio Neves (PSDB-MG), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Paulo Bauer (PSDB-SC), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Mário Couto (PSDB-PA), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), José Agripino (DEM-RN), Jayme Campos (DEM-MT), Cyro Miranda (PSDB-GO), Pedro Simon (PMDB-RS), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Ana Amélia (PP-RS), Cícero Lucena (PSDB-PB), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Pedro Taques (PDT-MT), além do próprio líder do PSDB.
Ainda na sessão, o Líder do PSDB cobrou a definição de data para o depoimento, no Senado, de Rubens Vieira, ex-diretor da Anac e irmão de Paulo Vieira, também envolvido nas denúncias. Rubens Vieira afirmou ter aceitado o convite da Comissão de Infraestrutura para prestar esclarecimentos, mas seu depoimento ainda não foi marcado.