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Disputa eleitoral de FHC e Lula seria embate entre decência e malandragem

Por Xico Graziano 

Assustei o mundo político quando, no final de 2016, escrevi um artigo intitulado “Volta FHC”. Levei chumbo grosso do pessoal ligado ao Michel Temer, Aécio Neves tentou me desmoralizar, fui desprezado pela turma do PT. Muitos ficaram incrédulos, poucos entenderam o significado de meu ato. Permaneci quieto, analisando a repercussão daquela ousadia. José Gregori me escreveu num bilhete: “Gostei de seu berro”!

Era exatamente isso: um brado contra a podridão política instalada na República. Quando Dilma, por ter cometido a maior irresponsabilidade fiscal de nossa história, sofreu o impeachment, todos nós sabíamos qual grupo assumiria o poder. Ele vinha de longe, e crescera no ventre fétido do lulismo. Era o risco inerente ao processo, que muitos fingiam não ver.

Imaginava-se que, despreocupado com apoio popular, mas denso no Congresso, o governo de transição liderado por Michel Temer fosse capaz de implementar importantes reformas para reequilibrar o país. Mais à frente, nas eleições de 2018, se mediriam as forças reais que poderiam nos conduzir ao futuro. Não rolou.

Estava claro, já há alguns meses, que a substituição de Dilma por Temer não livraria o país do mar de lama. Pelo contrário, poderia afundá-lo mais ainda. Duas quadrilhas, quando se brigam, juram-se de morte. E a perversidade, escancarada pela Lava Jato, surgiu maior do que se imaginava. Uma desgraça generalizada contaminou a República. Chega. Ninguém aguenta mais tanta safadeza, essa mistura desgraçada de corrupção, oportunismo e dissimulação que empesteou a democracia brasileira. Como avançar?

Fernando Henrique, ele próprio, berrou alto na semana passada: “Ou há um gesto de grandeza por parte de quem legalmente detém o poder, pedindo antecipação de eleições gerais, ou o poder se erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo antecipação do voto“. Dias depois, quem gritou foi Ronaldo Caiado: “PT e Temer são faces de uma mesma moeda, e respondem por crimes de que foram parceiros. Lula e Temer estão irmanados no propósito de não antecipar as eleições”.

Vencer Lula em eleições diretas, e quanto mais cedo melhor, será a única chance de pacificar a nação. Todos esperamos que Lula seja, justamente, condenado pelos seus incontáveis crimes de corrupção. Antes de aprisioná-lo, porém, será necessário derrotá-lo nas urnas. Senão, a história permanecerá incerta, manipulada. O degredo político de Lula exige a decisão popular pelo voto.

Se minha utopia valesse, e fosse possível combinar, poderia ocorrer uma eleição polarizada somente entre FHC e Lula. Ninguém mais. Seria uma forma de assumir o “nós” contra “eles”. Mas não essa polarização antiga da “direita” contra a “esquerda”, ou a bizarrice do “coxinha” versus a “mortadela”. Nada disso. Seria um embate entre a decência e a malandragem. Passar o Brasil a limpo. Queria ver no que dava.

Aposto que FHC venceria. Mas não assumiria. Sua vitória apenas mostraria que o Brasil acredita na política do bem, crê no seu futuro. Longe das quadrilhas que assaltaram o Estado. Próximo da cidadania.

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