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É preciso aproveitar as oportunidades, diz Pedro Tobias em entrevista sobre a cidade de Bauru

Do Jornal da Cidade

O deputado estadual Pedro Tobias (PSDB) não acha que a situação de Bauru seja ruim, mas afirma que a cidade terá de trabalhar muito se quiser consolidar sua liderança regional. “Se você acha que alguém vai fazer alguma coisa por alguém, esquece. Espaço não é dado. É conquistado”, diz Tobias.

O deputado estadual Pedro Tobias (PSDB) não acha que a situação de Bauru seja ruim, mas afirma que a cidade terá de trabalhar muito se quiser consolidar sua liderança regional. “Se você acha que alguém vai fazer alguma coisa por alguém, esquece. Espaço não é dado. É conquistado”, diz Tobias.

JC – Atuação da cidade na questão da liderança regional

Pedro Tobias – Bauru está andando muito bem. Nota 10 para a iniciativa privada. Enquanto a iniciativa privada anda a jato, a iniciativa pública anda de bicicleta de pneu furado. Acho que precisamos, na parte pública, colocar meta como na iniciativa privada. Infelizmente, a parte pública deixa muito a desejar, em todas as áreas. Essas manifestações realizadas em Bauru e em todo o país tiveram razão. Hoje, pagamos impostos de primeiro mundo e temos serviço público de quinto mundo. As manifestações mostram que as pessoas estão muito insatisfeitas com imprensa, políticos, Executivo, Legislativo, universidades. Daqui a pouco, Judiciário. Todo mundo tem medo de criticar Judiciário e universidades, mas é preciso discuti-los também. Falando de faculdades de medicina: um aluno da USP (Universidade de São Paulo) fi ca caro, é mais barato para o Estado mandar um aluno da Harvard. E apoio a ideia de criar mais dois anos e colocar o aluno para trabalhar no serviço público. É bom. Ele vai aprender a ser médico. Hoje, as faculdades de medicina estão formando especialistas, não médicos. Um aluno da USP, por exemplo, é bancado por nós. E ele sai da faculdade e vai fazer cirurgia plástica. Não sabe tratar gripe.

JC – Como o senhor avalia a consolidação de Bauru como polo regional?

Pedro Tobias – O maior problema hoje, na minha avaliação, é a questão da saúde. Todas as cidades do porte de Bauru têm hospital municipal. Bauru, não. Se eu fosse prefeito, assumia o Hospital de Base. Fala-se que não tem dinheiro, mas a verba do SUS, que hoje vai para a Famesp, continua. Então, a prefeitura contrataria a Famesp. Para se consolidar como polo regional, o prefeito de Bauru (Rodrigo Agostinho) precisa assumir a liderança. Acredito, por exemplo, no prefeito de Lins. Ele visita prefeitos daquela região, discute problemas com eles, busca soluções, não fi ca isolado. É isso que o prefeito de Bauru tinha que fazer para consolidar a cidade como polo regional, mas cada um tem seu perfi l. Rodrigo foi eleito com 82%. Ele tem razão para a maioria da população. Não adianta eu dizer o que ele tem de fazer.

JC – Estado e União podem desempenhar algum papel para fortalecer a região?

Pedro Tobias – Se você acha que alguém vai fazer alguma coisa por alguém, esquece. Espaço não é dado, é conquistado. Se um prefeito deslancha, não precisa ser do meu partido. Enquanto deputado, é meu papel recebê-lo, trabalhar com ele. O prefeito de Bauru não está conseguindo ocupar o espaço. No primeiro mandato, teve a sorte de herdar a prefeitura com dinheiro deixado pelo então prefeito Tuga Angerami. Agora, no segundo mandato, falta dinheiro para administrar. Acho que é preciso focar o desenvolvimento regional, mas ele tem de fazer isso.

JC – No caso da Fundação Regional…

Pedro Tobias – Não acredito que um prefeito que tem maioria na Câmara não tem interesse. Na Assembleia, por exemplo, quando chega um projeto discutido com governador Geraldo Alckmin e é preciso aprovar, a gente aprova. Ninguém sai do plenário, espera a votação e aprova. Temos maioria. Agora, se um prefeito não consegue lidar com as lideranças, com seus vereadores, como ele vai conseguir isso fora? Não posso responder por ele.

JC – O senhor conhece bem a região. Quais fatores podem fazer com que ela se destaque?

Pedro Tobias – Vou citar a área da saúde, com o Lauro de Souza Lima com trabalho em Hanseníase, e o Centrinho. O Centrinho está passando por problemas que precisam ser
resolvidos. Não podemos denegrir a imagem do Centrinho. É patrimônio de Bauru e do Brasil, precisa ser defendido. Também acho que falta uma faculdade de medicina para Bauru ser referência na saúde. Bauru também não tem empresas de alta tecnologia. Vai chegar. Começou em São Paulo, Sorocaba, Piracicaba, Jundiaí. Então, vai chegar por aqui também. Temos o eixo Rondon e podemos trazer empresas. Sorocaba, por exemplo, tem um núcleo para trazer empresas com agilidade. Nós não temos agilidade. Bauru está no Centro do Estado, uma vantagem e tanto. Se soubermos aproveitar, vamos ganhar.

JC – Bauru precisa buscar…

Pedro Tobias – A Caio, por exemplo, está montando filial em Barra Bonita. A prefeitura precisa uma pessoa ligada ao prefeito para cuidar disso (buscar novas empresas) 24 horas. Quero citar como exemplo o projeto do Polo Tecnológico. O governador Geraldo Alckmin autorizou para Bauru e Botucatu na mesma audiência. O prefeito de Botucatu (João Cury) imediatamente chamou um secretário para cuidar do assunto. Já está pronto. Em Bauru ainda não saiu do papel. E isso é com o prefeito. Estamos perdendo um Polo Tecnológico. E o que é esse polo? O governo ajuda a construir, depois chama empreendedores da tecnologia avançada, isenta de ICMS. É para empresas que querem concorrer com seus produtos no Exterior, com produto novo. A universidade podia participar disso. Bauru tem tudo para participar, mas quem é motor da cidade? O prefeito. Precisa ser meio doido, arrojado, não ter medo de arriscar. Falta alguém arrojado para dizer: Bauru vai para frente. Para mim, não importa o partido, grupo político. Meu partido é Bauru.

JC – Há quem diga que a cidade precisa de mais representantes na Assembleia e na Câmara do Deputados. Ano que vem tem eleições. O que o senhor acha?

Pedro Tobias – Todo mundo reclama que não tem representatividade, mas na hora do voto não vota no candidato de Bauru. Por isso, defendo reforma política com voto distrital puro ou misto. O sistema eleitoral, hoje, é aberto. Sou a favor do distrital. Isso fortalece a região e o povo vai cobrar do deputado que elegeu. Nas eleições do ano que vem, depois desse movimento, vai mudar muita coisa. A moçada mostrou que precisamos fazer coisa melhor.

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